Capítulo 12

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Sem Revisão*

Danielle Marshall

Quando ouvi a risada infantil em alguma parte do apartamento eu fiz um promessa, eu odiaria a menina, não me relacionaria com ela, sem vínculos. Porém quando sai do quarto e fui para a sala eu vi a dona da risada fofa, logo de cara vi que seria impossível odiá-lá. Os olhinhos azuis focaram em mim, e fiquei sem jeito quando ela desceu dos braços de Ansel e veio até mim. Cabelo loiro escuro amarrado em um rabo de cavalo firme, shortinho branco e blusa amarela.

— Você é linda.

A voz delicada alcançou meus ouvidos. Droga, já estou apaixonada por essa menina. Não soube bem o que fazer, eu só conseguia olhar para ela. Perfeita.

— Não mais que você. — falei.

Olhei para cima e vi Ansel me encarando impassível. Logo atrás dele está uma mulher, que me olha descontente. Ótimo, mais uma.

— Leve Becca para o quarto. — Ansel diz. Meu celular vibra no bolso traseiro. Pego o aparelho, uma mensagem de Ellie. Respondi que eu logo estaria na floricultura.

A mulher segura na mão de Becca, notei que a menina se retraiu, mas era quase imperceptível. Mas eu vi. As duas sairam do meu raio de ação.

— Você poderá seguir com seu trabalho  normalmente. Contanto que esteja aqui toda noite as sete não teremos problemas. Manterei uma rotina entre você e minha filha, nada de casos extraconjugais, nada de festas. Não preciso reforçar o que irá acontecer.

Idiota.

— Sim senhor! Sua vontade será feita.

Restava um pouco de controle nas minhas atitudes. Se eu pudesse pegar pelo menos uma arma e atirar nele, tirar a vida dele igual ele fez com meu pai. Tudo dependia de uma ação de minha parte. Mas eu não faria isso, eu não ousaria por a vida de mais ninguém em risco.

Então eu seria o cachorrinho obediente de Ansel. E depois ele reconheceria a verdadeira Danielle.

Ficar no mesmo elevador que ele era horrível. O perfume bom que ele usa inebriaria qualquer um, por mais que eu odiasse ele, não poderia negar que Ansel é um bom partido. Mais um problema.

Aproveitei que um táxi foi desocupado e entrei. Dei o endereço da floricultura e seguimos. Minha mente não parava de trabalhar. Diversas coisas, diversos planos. Diversos sentimentos. A saudade de papai fez tudo ficar pior. E ainda tinha Livy.

O cansaço bateu, acordei quando senti um pressão no braço. Desorientada eu olhei ao redor.

— Sinto muito, mas já estou parado aqui há meia hora. — O taxista informou. — Dia difícil?

Olhei pelo vidro, vi Ellie atendendo algum cliente.

— Vida difícil, isso sim. — peguei algumas notas no bolso. — Obrigada por me deixar dormir um pouco.

Dei o dinheiro a ele e saí do carro. O sol está menos quente que o normal, uma brisa leve bateu no meu rosto. Sorri para a dona da loja ao lado e entrei na minha.

— Minha filha o que aconteceu? Você não deu sinal de vida, já estava ficando preocupada!

— Está tudo certo, não se preocupe.

Desabei em lágrimas. Ellie terminou de atender o cliente e fechou a loja. Seus braços roliços me envolvem, fomos para o quartinho dela nos fundos. Ela me fez deitar na cama e se deitou ao meu lado. Contei tudo a ela, sobre Ansel, sobre o casamento, sobre a morte de papai. Ellie não disse nada, somente me abraçou até que adormecesse de novo.

Quando acordei novamente ela não estava mais no quarto. Sentei na cama e espreguicei. Por mais que eu quisesse ficar no acalento de Ellie, eu teria que voltar. Meu cabelo já virou um ninho, peguei o elástico que sempre carrego comigo no bolso da calça. Juntei tudo e amarrei.

— Admiro você por voltar para aquele homem. — Ellie diz quando saio do quarto. Esta sentada na poltrona fazendo seus famosos tricôs. — Só siga um conselho, Dani.

— Qual?

— Não se apaixone por ele. Nosso coração sabe ser traiçoeiro.

Ri sem humor.

— Jamais vou amá-lo. É uma promessa.

Deixei a loja. Ainda era seis horas, fui para casa e peguei algumas roupas. Guardei tudo em uma bolsa, juntamente com alguns produtos de higiene. Ao passar pelo quarto do meu pai senti um aperto no peito. E ao olhar para o de Livy eu percebi que faria aquilo por ela.

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Pulei o jantar. Não senti fome, entorpecida, é assim que me sinto. Esse apartamento luxuoso, essa aura toda. Isso não é minha vida. A governanta insistiu para que eu comesse, mas rejeitei. Fui para a biblioteca e até agora estou aqui. Já são dez e meia, o sono se foi, agora é só eu e meus pensamentos. A lua lá fora ilumina a sala escura.

Estou sentada em uma poltrona, as pernas cruzadas debaixo das coxas. O tic tac do relógio é o único som que ouço. Deus, porque isso está acontecendo comigo?

Seja forte Danielle. Seja forte.

Levantei da poltrona. Meu desodorante já acabou o cheiro agradável. Agradeci por não ver Ansel no "nosso quarto". Peguei uma roupa mais confortável, tomei o banho mais rápido da minha vida. Sem muita opção eu deitei na cama. Abracei meu corpo e dormi.

Em algum momento senti o colchão movimentar. Estava cansada demais para pensar em algo.

    Bjs e até o próximo ;)

Ansel - Trilogia Sombras da Noite #1 ✔️Όπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα