Capítulo 23

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Demorou mas postei. E caralho gente. Estamos com quase 50k de leituras!!!! Os rankigs a cada dia melhores! Eu muito feliz mesmo. Obrigadaaa ♥♥♥♥ Boa leitura.


Danielle

Sabe aquela sensação de estar sendo observada? Eu sinto ela mesmo dormindo, meu pai dizia que isso era algo bom, que futuramente poderia me ajudar. Como agora, ainda de olhos fechados eu sinto alguém me olhar. O estranho é que estou no quarto de Ansel, e eu tranquei a porta ontem quando resolvi dormir.

Minhas pálpebras coçavam para se abrir, então eu fiz. Tive o vislumbre de um corpo grande ao pé da cama. As cortinas blackout não ajudou muito. Me apoiei nos cotovelos e acendi o abajur ao lado da cama. Era Ansel, totalmente ensanguentado. Primeiro eu fiquei assustada, depois temerosa.

— O que aconteceu com você? — perguntei. Sem ter uma resposta eu levantei da cama, a camisola azul mais curta do que o normal. Eu não via Ansel desde o dia que conheci Amy.

Olhei para a porta, minha única opção. Como se soubesse que eu iria para lá, Ansel entrou no meu caminho, me agarrou pelo pescoço. Não era um aperto forte, mas foi o suficiente para dizer que eu estava a sua mercê.

Dele vinha o cheiro de álcool. O rosto, cabelo e roupas banhados no sangue. Um odor que me deixou enjoada. Aquilo não era bom.

— Me diz o que está acontecendo.

Ele me olhou. Arrepios ruins tomaram conta de mim. A mão no meu pescoço desceu pelo meu busto,tocando meu seio sob o fino tecido. Segurei o fôlego. Não. Eu não deixaria isso acontecer.

Ansel me puxou para si, o peito sólido batendo contra o meu. Espalmei minhas mãos em seus ombros, ofegante pelo que poderia acontecer.

Ele passou a ponta do nariz pelo meu pescoço. O empurrei para longe.

— Saia.

Uma única palavra, o suficiente para me fazer correr dali. O que deu nesse homem? Misericórdia. Se ele tentasse algo mais drástico eu saberia me defender. Passei pela sala, o relógio pequeno de bronze sobre a mesa indicava que ainda era de madrugada. Corri os dedos pela enorme vidraça, os pensamentos correndo junto com as gotas de chuva. Em algum momento ele me forçaria a transar? Bufei sorrindo da minha tolice. Ansel pode ter o comando de muitas coisas, mas de mim ele não teria.

Sentei no sofá e abracei meu corpo. Eu estou muito fodida. Muito mesmo. Joguei a cabeça para trás e sorri. Um sorriso que logo se transformou em lágrimas. Cadê a promessa de não chorar mais Danielle Marshall?

Não podemos ser forte sempre, chega um momento que nosso corpo e mente não aguenta a pressão. Lágrimas são o meio mais fácil de expressar tudo.

Chorei baixo por algum tempo. Até que adormeci sentada no sofá e acordei na cama. Não pensei muito naquilo, somente levantei e tomei um banho rápido. Vesti uma blusa sem mangas azul e um short branco. Calcei sapatilhas e usei um pouco de perfume. Nos cabelos revoltoso só fiz um coque.

— DANI!!!

Meu nome foi dito com tanto entusiasmo que levei um susto ao entrar na cozinha. O cheiro de café inebria meus sentidos, assim como o de pão quentinho saído do forno. Becca pulou da banqueta e correu para me abraçar. O cheirinho de morango me deu mais vontade de mordê-la.

— Você pode pintar minhas unhas outra vez?! — ela pergunta com um grande sorriso no rosto. — E depois vamos no parque? Eu...

Seguro em suas mãozinhas afoitas.

— Hoje não dá meu amor. Tenho que visitar minha irmã.

Fiquei triste ao ver o sorrio esmorecer em seu lindo rosto.

— Tudo bem. Outro dia nós vamos.

Ela me segurou pela mão e juntas fomos para a bancada repleta de comidas. Dora disse que Ansel sempre que vem para Brisbane prefere comer na cozinha. Dora é uma mulher trans que eu adorei conhecer. O modo espontâneo de viver, a risada contagiante. O café da manhã sempre é melhor ao lado dela.

Bebi o último gole do suco quando Ansel entrou na cozinha. Imponente em seu terno três peças ele seguiu até Becca, onde foi recebido com um beijo estalado e uma abraço.

— Eu amo você papai.

— Eu amo mais. — ele diz. Ansel contorna a bancada e pega da mão de Dora uma torrada que ela já estava levando à boca.

— Seu canalha filho da mãe! — Dora diz brava, mas o afeto em seu olhar contradiz tudo.

— Me odeie mais Dora, quem sabe eu aumente seu salário.

Ouuu... essa é nova. Ansel Devonshire totalmente diferente do carrasco de sempre. Notando minha presença ele apenas me olha.

— Você tem que beijar ela papai. A vovó sempre faz isso com o namorado dela.

Merda. Por essa eu não esperava. Crianças e suas pérolas. Pigarreio chamando a atenção de Becca para mim.

— Seu pai e eu já demos nosso beijo hoje meu amor. — digo sorrindo tenso.

— Não pode dar outro?

Me ajuda senhor!

— Não...

Meus olhos miram em Ansel conforme ele faz a volta e para ao meu lado. Fico tensa quando ele se abaixa levemente e beija minha bochecha.

— Eu amo tanto vocês dois! — Becca grita alegre.

Dora sorri atrás da caneca e balança as sobrancelhas. Ela não sabe a verdadeira história sobre Ansel e eu.

— Preciso ir, tenha um bom dia meninas.

Lembro do pedido de Becca e seguro na mão dele. Ansel fica tenso, mas é rápido, logo tomando a postura formal.

— Irei visitar minha irmã hoje e queria saber se posso levar Becca.

— Tudo bem. Deixarei instruções para o  Marlon. — diz e olha para nossas mãos. Solto-a. Fico tentada a perguntar para ele sobre a noite passada, porém não quero mexer na tranquilidade que ele está hoje.

Ele se vai e Dora cutuca meu ombro com a unha rosa.

— Ela vai cair de amores por você. Dora Soraya Martinez Greco nunca erra.

Coitada. Homens como Ansel não tem esse tipo de sentimento, ainda mais por mim. A única relação que teremos é por contrato e ódio. E fim.

  Votem e comentem bastante meus amores ♥ Até amanhã com mais um capítulo foda. Esse promete.

Ansel - Trilogia Sombras da Noite #1 ✔️Where stories live. Discover now