Capítulo 20 - O pré-ressaca.

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Gilbert Narrando

Anne e eu já havíamos dançado muito, então decidimos parar e comer um pouco de comida, já que estava por um fio de acabar e antes que alguém vinhesse correndo comer por conta de uma tontura pós bebedeira. Nós sentamos na mesa mais afastada possível da pista de dança pra que a música alta não atrapalhasse tanto nossa conversa.

Anne: Acho legal como o Léo não tem uma masculinidade frágil, ele tá lá dançando com o Cole. Você sabe que muitos homens, não fariam isso por medo de ter a masculinidade atingida.

Gilbert: Existe muita gente hipócrita no mundo querida, Leonardo Durn Ferreira não é um.

Anne: Ferreira... Não é muito comum. - Diz pensativa enquanto da uma garfada em sua comida.

Gilbert: É da mãe dele. Bruna Ferreira Montreal Durn. Os dois primeiros sobrenomes eram dela mesmo, Durn era do pai dele. Que era alemão.

Anne: Era..?

Gilbert: Sim, ele perdeu o pai no meio do semestre, o pai dele perdeu uma luta contra o câncer.

Anne: Por Deus, que história trágica. - Ela fez uma cara de quem realmente sentiu.

Gilbert: Bom, isso fez com que ele se dedicasse mais a medicina. Ele nunca aceitou o fato de ainda existirem doenças sem cura, em um mundo tão grande, com tamanho conhecimento.

Anne: Essa também é sua sede na medicina, talvez por isso vocês se dão tão bem. - Ela deu de ombros.

Gilbert: Por isso e porque eu não suporto os riquinhos egocêntricos, que se acham muito mais do que todos principalmente os que estudam através da bolsa de estudos, como eu! - Me senti inconformado. - Sabe, o Léo tem uma condição muito boa, inclusive pra estudar na Sorbonne. Ele paga pra estudar em Toronto porque gosta da simplicidade e não atura quem despreza as pessoas de menos condições. Inclusive diz que não foi pra Sorbonne, porque lá teria muito mais pessoas assim.

Anne: Viu? Por isso se dão bem. Aliás, lamento por ele e Ruby não terem dado certo, apesar de gostar e apoiar muito a Ruby e o Moody. Queria que ele entrasse pro nosso grupinho. - Nós rimos.

Gilbert: Talvez ele entre com o Cole. - Eu sorri, e dei um gole em um copo de água. Anne ficou sem entender, talvez tivesse achado que era uma piada. - Bom, o Léo não pode ter a sexualidade questionada porque ele é bissexual! - A Anne se engasgou, e eu levantei as mãos dela ao alto. Ela me olhou surpresa. - Sim querida, eu sei.

Anne: Isso não é incrível, quem esperava por isso, eu mal imaginava.

Gilbert: Sim, e talvez não demore muito.- Quando resolvi olhar novamente para eles, reparei em outra coisa Lara beijando Jane, o que pra mim era uma surpresa. Eu olhei pra Anne com uma cara de ' Como assim ?'

Anne: Querido você está bem? O que te ocorre?

Gilbert: A Jane e a Lara. - Se eu me conheço bem, eu fiz a mesma cara de confuso que faço sempre.

Anne: Querido, olha. - Ela pegou na minha mão. - Isso não pode sair daqui, a Jane tem muito medo de contar pros pais que ela é lésbica.

Gilbert: Eles não aceitariam não é mesmo?

Anne: Eu á incentivei á contar, ela trabalha, agora vai pagar menos de aluguel, o apartamento é meu posso cobrar um valor bem baixinho delas pra despesas de água, luz e essas coisas. Mercado, compras assim a gente divide, sempre fizemos isso juntas. E ela vai ter o valor do aluguel e da mensalidade, caso ela não queira tentar fazer a prova que garante a bolsa.

Gilbert: Talvez ela tenha medo, mesmo assim. Não de não alcançar a independência. Mas, de não ter eles apoiando ela.

Só nesse momento parei de olhar pra ela, e olhei pra Anne, com uma cara de preocupado. A Jane não era tão próxima á mim. Mas pensando bem, conhecendo os Andrews, sabendo que eles eram pessoas presos a séculos antigos, nós sabíamos que eles não aceitariam. A Jane era a caçula, a única com uma possibilidade de um casamento, e principalmente pra eles, um casamento bem sucedido. A faculdade pra eles era besteira, então eles apenas pagavam a mensalidade da estadia de Jane, na esperança dela encontrar alguém bem sucedido nas ruas de Charlottetown e largar a faculdade. Todos os anos ela teria que passar em uma prova pra continuar pagando apenas os materias da faculdade. Faltava apenas um ano pra Prissy se formar, então as vezes ela podia ajudar a Jane, quando a situação dela estivesse melhor.

Depois de algumas horas todos estávamos cansados, pra variar a Diana estava dormindo em um dos sofás que tinha em um canto do salão, após beber muito. O Jerry fazia o mesmo sentado, a cabeça dela estava no colo dele. O cole e o Léo haviam sumido. Lara e Jane ainda dançavam e bebiam. Já Moody e Ruby estavam conversando e se beijando, um pouco bebados.A Tillie havia ido embora. Anne estava muito alterada, ela bebeu muito, muito mesmo! Eu não sabia como iria levar esse pessoal todo pra casa. Conferi com o Léo que não precisava me preocupar com ele e Cole, e eles já estavam bem longe dali.
Agradeci por a minha casa ser a mais perto, chamei dois táxis em celulares diferentes e eles chegaram juntos. Cuidei de todos, arrumei alguns nos quartos e alguns na sala. Por último decidi cuidar da Anne, ela estava bebada e a todo momento tentava me agarrar. Eu não cedia, não queria algo daquela forma, mas foi impossível, nós subimos pro quarto, eu ia pedir pra ela tomar um banho, mas quando virei as costas pra pegar uma roupa e uma toalha pra entregar pra ela, ela me agarrou, me virou e começou a me beijar.
Eu retribui, não tive escolha, nós continuamos nos beijando, até que o beijo ficou mais quente, e a Anne estava ultrapassando limites.

Gilbert: Anne,não. -Disse me afastando. - Desse jeito não. - Ela fez um biquinho e levantou brava. - Amanhã você vai me agradecer.

Ela pegou a toalha e foi tomar um banho, eu não via problema em Anne dormir comigo.
Depois de ver que todos estavam estabilizados, entrei no meu quarto e vi Anne dormindo feito um anjo, tomei um banho e fiz o mesmo!

Aquele com o início depois do fim...Where stories live. Discover now