Aquele com o início depois do fim...

Capítulo 21 - Não há ninguém no mundo como você.

Anne Narrando

Desci as escadas, já que não havia visto Gilbert ao meu lado. Todos estavam arrumando a mesa de café da manhã, reclamando de dores de cabeça e eu não estava diferente. Minha cabeça também doía muito, prometi metalmente que nunca mais iria beber assim.

Gilbert: Ei, bom dia meu amor. - Ele me deu um selinho. - Como está a cabeça?

Anne: Bom dia querido, doendo como nunca!

Diana: Amiga, todos estamos assim, o Cole e o Léo então nem se fale... Eles chegaram já eram quatro horas da madrugada, muito bebados e ainda nem levantaram.

Jane: Eu estava tão capotada que não os vi chegar.

Todos nós nos sentamos pra comer, a mesa estava farta.

Ruby: Olha, eu não queria comentar, mas nunca pensei que o Léo era bi, e que ele ficaria com o Cole.

Gilbert: Ele tem segredos que nenhum de nós conhece, acredite. - Todos rimos.

Anne: Eu sei que não tem nada haver com o assunto, mais eu preciso falar antes que eu me esqueça. A Tillie disse que a banda dos meninos, Paul e Paul estão na cidade. Convidaram a gente pra ir a noite em um barzinho, eles vão tocar lá.

Ruby: Moody e eu vamos, ele vai tocar com os meninos.

Diana: E eu também vou, consequentemente o Jerry vai.

Jerry: Eu vou? - Fez uma cara de pidão, esperando que ela dissesse que não havia necessidade da presença dele.

Diana: Sim, você vai. - Ela olhou carismática pra ele que virou os olhos e sorriu.

Moody - Gado demais. - Todos rimos, e Diana que estava na frente dele deu um tapa brincando na mão dele.

Jane: Você vai gostar, a Diana canta muito bem. Quando nós frequentavamos os karaokês de Charlottetown, ela sempre dava um banho em todo mundo.

Cole: E pra sua sorte, já que gosta de apreciar vozes, a Lara também canta muito bem, ela canta em seu tempo livre com os irmãos que tem uma banda. - Ele entrou junto com Léo, ambos bagunçados e com semblantes cansados.

Lara: Você não precisava contar esse detalhe. - Ela riu, mas sabíamos que ela estava com vergonha.

Jane: É ótimo saber, eu vou querer ouvir isso. - Eu podia sim estar ficando louca, mas Jane olhava de uma forma apaixonada para Lara, e Lara retribuia singelamente.

Ruby: Eu queria muito saber cantar.

Diana: Com o dom que suas mãos tem de desenhar roupas como jamais foi visto, eu nunca desejaria saber cantar!

Jane: Realmente, Josie e você são esplêndidas quando desenham.

Cole: Falando nela, porque ela foi embora cedo?

Anne: Outra crise histérica da mãe dela. - Disse dando uma garfada em um pedaço de bolo que Muriel tinha feito, era uma receita da Mary, eu reconhecia rapidamente.

Gilbert: Eu realmente não entendo, a Josie fez tudo como os pais dela queriam! Noivou de alguém próspero, não que isso importe mas é o que eles querem. Porque a mãe dela não aceita que ela faça faculdade?

Jane: Eles são como meus pais, eles acham que ela tem que ficar em casa lavando, passando, cozinhando e criando filhos. - Ela engoliu em seco. Lara engoliu em seco.

Léo: Eu nunca vou entender pessoas que vivem presas em outros séculos, o meu pai, antes de falecer... - Ele suspirou pra falar. - Aceitou quem eu realmente era!

Diana: Como assim? - Questionou e acredito que todos queríamos entender também.

Léo: Eu fico sim com mulheres, mas por atração. Me apaixonar, amar, somente por homens. Aliás, eu só me apaixonei mesmo uma vez na vida. E bom, meu pai descobriu quando eu tinha dezoito anos, faltava apenas um mês pra mim ir pra Toronto. E ele ficou três meses sem me ligar ou atender minhas ligações, só minha mãe falava comigo. - Cole abaixou a cabeça, desde que ele tinha ido morar com a Tia Josephine, a mãe não aceitou nem mesmo uma visita do mesmo. - Mas quando eu soube que ele estava na fase terminal da doença, pedi um tempo na faculdade pra ficar com ele. Não tinha mais jeito, ele havia descoberto tarde demais! E no dia em que ele faleceu, ele me disse que não importava com quem, como ou onde, eu tinha que ser feliz.

Por alguns minutos todos ficamos em silêncio, ninguém sabia o que dizer. Até que Jerry se pronunciou.

Jerry: Acredito que do céu, ela está orgulhoso por estar se esforçando e sendo feliz.

Cole: Realmente. - Ele e Léo se entreolharam com um sorriso.

Ruby: Gilbert, parabéns pelo café, minha dor de cabeça melhorou muito.

Moody: Realmente, mãos mágicas cara.

Todos rimos, continuamos o café com conversar aleatórias. Todos ajudamos na arrumação da casa, e então cada um seguiu pra sua casa, só ficamos Gilbert e eu.
Nós nos sentamos na sala, estávamos assistindo um programa de tv qualquer, comecei a reparar nele. E então o questionei:

Anne: Querido, eu não canto, não danço, não desenho... O que você vê em mim afinal?

Gilbert: Anne, porque isso? Porque essa pergunta? E aliás você canta muito bem. - Ele parecia não conformado.

Anne: Bom, as meninas, todas elas tem qualidades maravilhosas, mais e eu? Porque afinal as pessoas que me amam, sentem isso?

Gilbert: Porque você é a Anne. Aquele Anne que chegou em Green Gables quebrando o gelo do coração da Marilla, cativando o Matthew. A mesma Anne com o coração bom que incentivou o irmão a não deixar os seus sonhos pra trás. E também a mesma que mostrou o verdadeiro valor da amizade pra cada uma das meninas. Que encorajou o Cole a deixar todo preconceito pra trás, porque não importa a opinião dos outros. E a Anne que por onde passa deixa amor, deixa luz. E principalmente, pra mim, a mesma Anne por quem eu me apaixonei depois de levar uma cadernada na cabeça. - Nós rimos. - Não há ninguém no mundo como você, e todos temos sortes por te ter com a gente. Eu te amo querida, te amo muito.

Eu o abracei dizendo várias vezes que o amava, e agradecendo por te-lo ao meu lado. O que me fazia pensar que metade das nossas férias já haviam passado. Depois disso, enxuguei minhas lágrimas e avisei que tinha que ir pra casa pra me arrumar pra sairmos mais tarde. Eu me sentia muito feliz após ouvir aquilo. Lembrei de uma música do Bruno Mars que condiziam com o que Gilbert tinha dito, coloquei ela nos fones e fui o caminho todo ouvindo ela.