Capítulo 48 - Como Gilbert Blythe fazia.

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Anne Narrando

Lorenzo estava na minha casa, pegando matérias em meus cadernos pra repor, Lucas estava na faculdade. Diana e Ruby também. E eu estava na porta do Roy, tomando coragem pra ter aquela conversa. Era hoje ou nunca, eu não tinha aula naquele dia, ou seja, meu único dia livre pra repor a aula do dia anterior, o dia da minha ressaca amorosa. Eu devia ser rápida. Dei três toques e comecei olhar pros meus pés, ouvi a porta abrir, mas não conseguia olhar. Roy ficou me observado e eu consegui perceber.

Roy: Anne?- Ele olhava confuso.

Anne: Oi, Roy.- Disse meio nervosa.

Roy me deu espaço pra entrar, me ofereceu um milkshake que eu aceitei, Roy sabia fazer um milkshake de outro mundo, e talvez isso me deixasse menos nervosa. Sentei no banco da mesa americana, e esperei. Quando ele terminou sentou de frente pra mim, e então fiquei mais nervosa ainda, o milkshake não resolveu.

Anne: Eu preciso conversar com você, preciso esclarecer algo.

Roy: Pode dizer, tem algo com o apartamento? Sei que é da Diana, mas ela disse que Ruby e você também resolvem as coisas daqui.

Anne: Não, não. Tá tudo certo com o ap. É algo bem diferente disso.- Pigarriei.- Roy, pode ser sincero sobre uma coisa comigo?

Roy: Claro que sim Anne.- Ele me olhou preocupado.- Por favor, diz.

Anne: O que sente por mim, Roy Gardner?

Roy coçou a cabeça. Como Gilbert Blythe fazia. E então eu percebi que era isso, eu sentia tanta falta de Gilbert, e o Roy fazia coisas que pareciam com coisas que ele também fazia. Isso me confundia. Eu só precisava confirmar uma coisa.

Roy: Ok. Anne, eu gosto de você. Tipo, muito. Tipo, amorosamente falando. É errado, você tem um namorado. E o ama. E eu nunca vou atrapalhar isso, eu posso até não escolher de quem eu gosto, mas eu tenho noção, eu nunca vou entrar em algo forte como o relacionamento de vocês.

Era isso, o Roy foi o meu refúgio porque ele se abriu pra mim, por gostar de mim. Isso me confundiu, e talvez, tenha me feito perder o Gil.

Anne: Roy, Gil e eu não estamos mais juntos.- Ele suspirou.- Mas, pra não te magoar, acho importante dizer que não estou aberta a relacionamento nenhum. Eu realmente o amo, e talvez tenha o magoado, mas eu não quero me abrir pra ninguém, não desse jeito. Eu gosto da nossa amizade, eu gosto de você como amigo. Eu confesso que perdi um pouco a razão, fiquei confusa sobre você. Mas foi só isso. E não teve nada haver com meu término com o Gil.

Roy: Posso saber porque terminaram? Tem algum problema em me contar?

Anne: O Gil me pediu em casamento, nas férias passadas. Mas, o Gilbert gosta de precipitar as coisas, e as vezes ele falava em vestidos, festas de casamento, igrejas. E eu senti medo. Muito medo, dele precipitar isso também. E então, fui eu quem me precipitei, e ao invés de conversar direito com ele, tudo que a gente conseguiu foi discutir.- As lágrimas começavam a cair.- E talvez eu tenha perdido ele, cometendo o erro que eu tinha medo que ele cometesse.

Roy: Anne.- Ele pegou minhas mãos.- Se Gilbert a ama, ele vai respeitar o seu tempo. Vai entender o medo que sentiu, vocês só precisam conversar.

Anne: Acha que ele vai me ouvir?- Eu já me encontrava aos prantos.

Roy: Claro que vai.- Ele se levantou e me abraçou. Foi um abraço amigo, aconchegante.

O Roy soube respeitar o espaço entre gostar de mim como amiga, e gostar de mim de outra forma. Ele me disse algo que eu precisava ouvir. Lolo e as meninas, me deram diversos conselhos, mas nenhum deles foi como esses.
As vezes, nossos amigos falam o que queremos ouvir, (com excessão da Diana, que as vezes puxa nossas orelhas) e nem sempre o que se quer ouvir e o certo.
Depois daquilo, Roy preparou um milkshake pra mim levar pra casa, e eu fui. Aproveitei pra repor algumas matérias com o Lolo, estudar com ajuda dele e tomar um banho relaxante. Fiz uma janta especial pra comermos com as meninas e conversarmos. Aproveitei pra pedir pra Ru e Diana mandarem mensagem pra Jerry e Moody, pra que eles convencessem Gilbert a vir no fim de semana.
Parte de mim acreditava que o Gilbert me ouviria e que talvez tudo ficasse bem... Mas outra parte, me fazia sentir que as coisas não seriam assim.
Eu tinha falhado, eu sabia disso. Nem sempre as coisas saem como planejadas, e eu mal sabia como Gilbert ia reagir.

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