Capítulo 58 - Marilla.

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Anne Narrando

Estávamos no carro, eu, Diana e Jerry. Os outros tinham seguido pra suas casas, Diana estava cantando algo que eu não conhecia com os pés para o alto, e balançando a cabeça, enquanto Jerry dirigia seu carro novo rindo com a namorada.
Eu estava apreciando a paisagem, o caminho, matando a minha saudade.

Diana: Querido, amanhã prometo que vou te ver e saímos, está bem? Quero ver minha mãe com aquele barrigão, aproveitar meu pai e aprontar com a Minnie May.- Ela sorria, feliz com a idéia.

Jerry: Ótimo, preciso conversar com Anne. Te deixo e no caminho falo com ela.- Ela assentiu.

Anne: Sobre o que? Sabe que com Diana não temos cerimônias.

Jerry: Só quero evitar um pequeno surto, já tem você, ambas juntas não vão me deixar falar.- Diana o fuzilou com o olhar.

Diana: Anne, me conte depois, ok?- Ela sorriu olhando pra mim que estava no banco de trás,

Chegando na casa da Diana, Jerry desceu pra ajudá-la com as malas. Os pais dela o trataram muito bem, Eliza estava com a barriga enorme. Acenei de dentro do carro, com um sorriso simpático. Mas dentro de mim, eu queria mesmo era saber o que Jerry tinha pra me falar. Eu sentia que não era nada bom...
Ele voltou pro carro e eu passei pra frente.

Anne: Seja o que for, por favor diz...- Eu olhava fixamente pra frente.

Jerry: Quer um sorvete? Tem uma sorveteria nova perto de casa.

Anne: Quero que fale Jerry, apenas fale.- Eu estava tensa.

Jerry: Precisamos parar pra conversarmos. É algo sério.- Ele me olhou, e eu assenti, suspirando.

Paramos em uma sorveteria, era bonita, colorida, e era nova. Na minha última visita em Avonlea, ela não estava ali. Gosto das novidades, contanto que a essência daquela pequena cidade onde ganhei minha família e amigos, não se perdesse.
Jerry pediu dois sorvetes, ele sabia meu favorito, e estava comprando o maior, pra me adular, o que me fez pensar que isso era pior.

Jerry: Anne, eu vou direto ao ponto.- Eu olhei atenta pra ele, parando de comer.- Marilla está piorando.- Eu mal consegui respirar. Me engasguei. Jerry ficou por minutos me ajudando a desengasgar.

Anne: Piorando como Jerry?- Disse tentado não mostrar meu desespero.- Como Jerry?

Jerry: Os remédios não andam fazendo tanto efeito, além do mais, ela anda desencadeando outros problemas. Por exemplo, a pressão dela sobre com frequência.- Ele listava, com lágrimas no olhos. Jerry tinha se apegado tanto quanto eu, nós éramos uma família.

Anne: Acha que tem algo com que devemos nos preocupar?- Ele suspirou.- Se quiser, posso trancar a faculdade, posso voltar.

Jerry: Posso dar conta, sabe disso. Só senti que precisava te avisar, não queria que chegasse e se deparasse com uma Marilla esquecida. Ela ainda cozinha, mas ela esquece muitas coisas. Costura, mas as vezes não reconhece algumas pessoas. Tem outra coisa. O senhor Lynd faleceu!- Abri a boca, chocada.- Rachel quer morar lá em casa, mas quer ir, quando eu sair de casa, para que Matthew e ela cuidem de Marilla.

Anne: O que acha disso?- Peguei as mãos deles, ambos estávamos chorando.

Jerry: Acho que posso esperar mais um ano. Pra ir pra faculdade.

Anne: Eles nunca vão aceitar.- Suspirei.- Vamos confiar que Matthew vai cuidar delas?

Jerry: E quem cuida dele?- Ele abaixou a cabeça.

Anne: Ei. Rachel vai fazer bem pra Marilla, tudo vai dar certo, nós vamos pensar em algo.- Tentei dar um sorriso simpático, em meio às lágrimas.

Terminamos de tomar os sorvetes, conversando sobre novidades, todos os tipos dela. Na verdade, estávamos enrolando pra ir pra casa, evitando de chorar na frente de Marilla e Matthew, pois agora os papéis inverteram, nós que estávamos preocupados com eles. 




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