Capítulo 20

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↞ Slytherin part.1. Capítulo 20 ↠

Era por isso que Dumbledore não queria mais olhar Lucida nos olhos? Será que esperava ver Voldemort
olhando através deles, receoso talvez que o verde vivo e azul mar de repente pudesse virar vermelho, com pupilas estreitas e verticais como as de um gato? Lucida se lembrava de como o rosto ofídico de Voldemort uma vez irrompera da nuca do Prof. Quirrell e passara os dedos pela própria cabeça, e se perguntava agora como seria se Voldemort irrompesse do seu crânio.
Sentiu-se suja, contaminada como se fosse portador de um vírus letal, indigna de se sentar na viagem
de volta ao lado de gente inocente e limpa, cujos corpos e mentes não estavam maculados por Voldemort... ela não apenas vira a cobra, ela fora a cobra, sabia disso agora...
Ocorreu-lhe então um pensamento, uma lembrança que emergira em sua mente, e que fazia suas entranhas se contorcerem como cobras.
Que é que ele queria, além de seguidores?
Uma coisa que só poderia obter escondido... como uma arma. Algo que não possuía da última vez.
"Eu sou a arma", pensou Lucida, era como se estivessem injetando veneno em suas veias, enregelando-a, fazendo-a suar no balanço do trem ao atravessar o túnel escuro. "Sou eu que Voldemort está tentando usar, Harry deve ser como uma âncora para mim, ele sente assim como eu quando Voldemort está perto... mas ele apenas sente...é por isso que existem guardas à nossa volta aonde vamos, não é para nos proteger, é para proteger as outras pessoas, só que não está funcionando, não podem pôr gente me guardando o tempo todo em Hogwarts... Eu ataquei o Sr. Weasley ontem à noite, fui eu. Voldemort me levou a fazer isso e pode estar dentro de mim neste instante, escutando os meus pensamentos..."

- Você está bem, Luci, querida? - cochichou a Sra. Weasley, inclinando-se por cima de Gina para falar com ela, enquanto o trem sacudia túnel afora. - Você não está me parecendo muito bem. Está enjoada?

Todos olharam para ela. Lucida balançou a cabeça violentamente e ergueu a cabeça para ler um anúncio
de seguro de casas.

- Lucida, querida, você tem certeza de que está bem? - a Sra. Weasley repetiu a pergunta preocupada,
quando contornavam a relva malcuidada no centro do largo Grimmauld. - Você está ficando cada vez mais pálida... tem certeza de que dormiu hoje de manhã? Suba logo para o seu quarto e durma umas duas horas antes do jantar, está bem?

Ela concordou com a cabeça; ali estava uma desculpa de bandeja para não conversar com ninguém, que era exatamente o que ela queria, então, quando abriram a porta, ela passou correndo pelo porta-guarda-chuvas de perna de trasgo, subiu as escadas e entrou no quarto.
Ali, começou a andar de um lado para outro, passando pela cama e a moldura vazia do retrato de Fineus Nigellus, seu cérebro borbulhante de perguntas e ideias sempre mais assustadoras.

Como foi que ela virara cobra? Talvez fosse um animago... não, não podia ser, ela ainda não havia terminado a transição para virar um... talvez Voldemort fosse um animago... é, pensou Lucida, isto encaixaria, ele naturalmente se transformaria em cobra... e quando está me possuindo, então nós dois... mas isso ainda não explica como fui a Londres e voltei para o sofá num espaço de cinco minutos... mas, por outro lado, Voldemort é o bruxo mais poderoso do mundo, excluindo Dumbledore, provavelmente não seria problema para ele transportar alguém nessa velocidade. Mas como Harry não viu a mesma coisa que eu...isso sempre acontece com ele também...
E então, com uma horrível pontada de pânico, pensou: mas isto é uma insanidade, se Voldemort está
me possuindo, eu estou dando a ele uma visão nítida da sede da Ordem da Fênix neste momento! Ele saberá quem pertence à Ordem e onde meu pai e minha mãe estão... e ouvi um monte de coisas que não deveria ter
ouvido, tudo que papai me contou na noite em que cheguei...
Só havia uma coisa a fazer: teria de abandonar o largo Grimmauld neste instante. Passaria o Natal em
Hogwarts sem os outros, o que pelo menos os manteria sãos e salvos durante as festas... mas não, não
adiantaria, ainda havia muita gente em Hogwarts para ela aleijar e ferir... E se fosse Pansy, Dapnhe ou Draco da próxima vez? Ela interrompeu a caminhada e parou, olhando para a moldura vazia de Fineus Nigellus. Uma sensação de peso estava assentando no fundo do seu estômago. Não tinha alternativa, teria de voltar para a rua dos Alfeneiros, cortar completamente seus vínculos com outros bruxos. Bom, se tinha de fazer isso, pensou, não adiantava continuar ali. Ela se encaminhou para o seu malão, bateu a tampa e trancou-o à chave, depois automaticamente correu os olhos pelo quarto à procura de Esmeralda e a viu dormindo, bem, melhor deixá-la, ela está dormindo tão bem, pensou Lucida e passou então a mão em uma extremidade
da mala e já a arrastara metade do caminho até a porta quando uma voz debochada perguntou:

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