Capítulo 22

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↞ Slytherin part.2. Capítulo 22 ↠

Lucida sentiu o cheiro de sal e o marulho das ondas; uma brisa leve e gelada despenteou seus cabelos quando ela se virou para contemplar o mar enluarado e o céu de estrelas. Estava parada no alto de uma rocha escura, sob a qual a água espumava e se revolvia. Ela olhou por cima do ombro. Às suas costas, erguia-se um penhasco, escarpado, negro e indistinto. Algumas rochas, como aquela em que Lucida, Harry e Dumbledore se achavam, pareciam ter se destacado da face do penhasco em algum momento do passado. Era uma paisagem desolada e agreste; a monotonia do mar e da rocha sem árvore, capim ou areia a interrompê-la.

– Que é que vocês acham? – perguntou Dumbledore. Era como se estivesse pedindo a opinião de Lucida e Harry sobre um bom lugar para um piquenique.

– Eles traziam os garotos do orfanato para cá? – perguntou Harry, que não conseguia imaginar um local menos convidativo para um passeio.

– Não era bem para cá. Há uma aldeiazinha a meio caminho dos rochedos às nossas costas. Acredito que traziam os órfãos para tomar um pouco de ar e ver as ondas. Não, acho que apenas Tom Riddle e suas jovens vítimas algum dia visitaram este lugar. Trouxas não poderiam chegar aqui, a não ser que fossem alpinistas excepcionais, e barcos não podem se
aproximar das pedras; as águas ao redor são muito perigosas. Imagino que Riddle tenha descido; a magia teria sido mais útil do que as cordas. E trouxe com ele duas crianças pequenas, provavelmente pelo prazer de aterrorizá-las. Acho que só a viagem em si teria bastado, não?

Lucida tornou a erguer os olhos para o penhasco e sentiu arrepios.

– Mas o destino final de Tom, e o nosso, fica um pouco mais adiante. Vamos.

Dumbledore fez sinal a Lucida e Harry para se aproximarem da borda da rocha em que vários nichos pontudos serviam para apoiar os pés e davam acesso às pedras arredondadas e semissubmersas na água junto ao paredão rochoso. Era uma descida traiçoeira, e Dumbledore, ligeiramente estorvado pela mão murcha, movia-se com lentidão. As pedras mais abaixo
escorregavam por causa da água do mar. Lucida sentia os salpicos de água salgada baterem em seu rosto.

Lumus – disse Dumbledore, ao chegar à pedra mais próxima do paredão. Centenas de pontinhos de luz dourada faiscaram na superfície escura do mar a menos de um metro abaixo do lugar em que estava agachado; a parede negra do rochedo iluminou-se também.– Estão vendo? – perguntou o diretor em voz baixa, erguendo um pouco mais a varinha.

Lucida viu uma fissura no penhasco onde a água escura remoinhava.

– Vocês não se importam de se molharem um pouco?

– Não – respondeu Harry.

– É... Não – respondeu Lucida

– Então, tirem a Capa da Invisibilidade, não é necessária agora, e vamos dar um mergulho.

E, com a súbita agilidade de um homem mais jovem, Dumbledore escorregou pela pedra, caiu no mar e começou a nadar de peito, com movimentos perfeitos, em direção à fenda na face do penhasco, a varinha acesa presa entre os dentes. Lucida tirou a capa, enfiou-a no bolso
e acompanhou-o. A água estava gelada; as roupas pesadas de água enfunavam-se em torno dela e o puxavam para baixo. Sorvendo profundamente o ar que enchia suas narinas com um travo de sal e algas,
Lucida nadou em direção à luz bruxuleante que diminuía à medida que adentrava a caverna. A fenda logo se alargou, formando um túnel escuro que Lucida sabia que se encheria de água na maré alta. As paredes limosas tinham menos de um metro entre si e refulgiam como piche molhado à passagem da luz empunhada por Dumbledore. Um pouco mais para dentro, a passagem fazia uma curva para a esquerda, e Lucida viu que se embrenhava profundamente na rocha. Continuou a nadar na esteira do diretor, as pontas de seus dedos dormentes roçando a rocha úmida e áspera.
Então ela o viu sair da água mais adiante, sua cabeleira prateada e as vestes escuras refulgindo. Quando Lucida e Harry chegaram ao mesmo ponto, depararam com degraus que conduziam a uma ampla caverna. Subiram a escada, a água escorrendo de suas vestes encharcadas, e emergiram, tremendo descontroladamente, no ar parados e enregelantes.
Dumbledore estava de pé no meio da caverna, a varinha no alto, e girava lentamente no mesmo lugar, examinando as paredes e o teto.

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