Prólogo

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Eu sabia que teria um grande problema com a partida de Alastor. Os membros da Sociedade não aceitariam facilmente, não depois de serem feitos de tolos. Mas, eu daria um jeito nisso, não permitiria que os gregos filhos da puta interferissem na felicidade dos meus amigos.

— Ele usou o nosso dinheiro e foi embora!? — Questionou um deles, batendo os punhos na mesa.

É, eu tô fodido.

— Todo dinheiro será devolvido. — Menti. — Vocês não têm com o que se preocupar. Eu resolverei tudo.

Os burburinhos, reclamações, advertências, não cessaram. Então vi que o único modo de tranquilizar aquele bando de criminosos, seria dando ordens. Érebos era uma Sociedade aclamada, apesar de secreta, éramos conhecidos pela classe alta. Quando os ricos tinham algum problema, era a nós que recorriam. Mas, desde a morte dos antigos líderes não aceitamos mais nenhum serviço, então a caixa de mensagem estava farta. Alguns clientes questionavam quem seria o novo líder, outros, pouco se importavam, só queriam que seus problemas fossem solucionados. Então não tive que pensar muito, apenas separei os pedidos e dei a cada grupo de criminosos uma missão.

Se os clientes queriam alguém para traficar drogas por eles, eles teriam.

Se a esposa do primeiro ministro foi pega o traindo, ela pagaria por isso.

Não havia nada que não fizéssemos.

A reunião foi encerrada de modo bem mais harmônico que começara. Mas eu continuei na sala, sentado com meu copo de uísque na mão e uma dor de cabeça que não cessava.

Duas batidas à porta e meu sossegou foi ao fim.

— Entre — falei.

A empregada entrou com uma cor pálida no rosto. Eu nunca a vira tão assustada.

— O que foi dona Galanis? — Larguei meu copo na mesa e me levantei.

— Senhor Damon, um homem exige falar com você. Eu tentei dizer que o senhor está ocupado, mas ele insistiu e...

— Está tudo bem. Onde esse homem está?

— Na sala.

A deixei e fui me encontrar com a visita importuna. O som dos meus sapatos atraiu sua atenção para mim. O indiano não me recebeu com seu famoso Namastê, mas ao menos tirou os sapatos ao entrar.

— Seu desgraçado. Seu maldito. — O homem pardo de roupa colorida e cheia de decoração, continuou: — Eu devia matá-lo bem agora!

Demorei a saber quem era aquele cão rosnando na minha sala, até ver uma coisinha encolhida no canto do sofá. Eu me lembrava daquela menina, eu a desvirginei no dia do seu casamento e acabei com seus planos de uma família feliz. Eu não era todo culpado, não a forcei, mas, tampouco a impedi de sentar no meu pau.

Seu pai foi até ela e a ergueu pelo braço, foi quando percebi que havia machucados em seu rosto. A indiana estava suja, ferida, e mais que isso, assustada.

— Você a comprará! — O indiano gritou.

— Como disse?

O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora