Capítulo 49

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Farah

Damon acompanhou a criança até em casa e eu não fui com eles porque eu precisava me explicar para a minha família.

Maya, entrou no meu quarto e me observou lavar as mãos. Dedo por dedo.

— Obrigada, didi.

— Não é isso que eu quero ouvir, Farah. Quero saber por que você achou que tinha uma bomba aqui em casa?

Eu não diria toda a verdade a ela. A protegeria com uma escolta de mentiras.

— Manish é um terrorista, por isso rompi com ele. Fiquei em pânico com a notícia do tiroteio...Pensei que ele estivesse tentando algo contra a cidade e aí saí correndo, eu me senti no dever fazer algo. E quando você disse do despertador, eu lembrei de todas as promessas de Manish de fogo e destruição contra a cidade e nosso pai. Foi um falso alarme; era só um despertador velho que resolveu funcionar depois de anos — menti e continuaria mentindo para todos porque ninguém aceitaria a minha versão que esmurrava ponta de faca sem gritar.

— Um terrorista!? — Deu um salto. — Eu sempre te falei que ele não era boa coisa, mas, um terrorista??

— Você sempre esteve certa — falei o que ela queria ouvir.

— Farah, ainda que Manish ou qualquer outra pessoa tente algo contra nós ou a nossa cidade, não é você quem deve resolver. Você é só uma mulher, não será capaz de impedi-los e ainda passará por maluca se tentar. — Controlei um ataque equivocado para não quebrar aquele seu discurso medíocre. Ela dava tiros a esmo sem saber que atingia também a ela. — Vamos contratar seguranças para cuidar de você para que não precise viver com medo. Ou melhor, Shobhan cuidará muito bem. — Maya me puxou em um abraço e assim que minha mãe e Nayana entraram no quarto, com paus e pedras, ela me soltou.

— Farah! — bradou a minha mãe. — Eu não sei porque essa família ainda espera outra postura de você. Inventar que há uma bomba nessa casa apenas para fugir das suas obrigações de esposa é o cúmulo!

Era isso que todos pensavam? Que eu inventei tudo apenas por que não queria me casar?

— E ainda roubou o celular da prima dele — compactuou Nayana, dando novos recursos para alimentar a raiva de todos.

— O que falarei para os pais dele agora? — questionou minha mãe.

— Você é mais que capaz de inventar uma mentira — revidei. — Isso é tudo o que tem feito nos últimos anos. Mente que ama a nós, ao papai; mente que é feliz...

— Farah! — Maya repreendeu.

Joguei a toalha no chão e saí do quarto batendo o pé, mas fui abordada por meu pai logo que passei em frente ao seu escritório. Ele mandou que eu entrasse e trancasse a porta.

Eu me preocupei.

Sentia que nada estava acabado. Que o pior ainda estava por vir.

— O que foi isso? — perguntou num timbre de quem me assassinaria a machadadas. — Eu ouvi o que você disse para sua irmã sobre o dalit ser um terrorista. Ele é o culpado pelo desastre na estação?

Para ele eu não precisava mentir.

— Ele implantou dois explosivos no Taj Mahal, e colocou uma criança bomba no meu armário, mas Damon e eu conseguimos lidar com tudo.

— Damon e você?

Sua surpresa não era por Damon, era por mim. Uma inútil aos seus olhos.

— Se eu sei construir uma bomba, eu sei desarmá-la.

O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora