Capítulo 13

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Farah
Damon e eu nos sentamos à uma mesa com duas poltronas. À nossa direita, dois senhores jogavam dominó, à esquerda, duas meninas conversavam distraídas. Não demorou para a balsa se afastar da orla e o vaivém das ondas se tornar mais nauseante.

— Você está pálida — observou Damon.

— Talvez eu esteja assustada por ter saído correndo enquanto atiravam em mim — ironizei.

Seus olhos sorriram, mas sua preocupação o fez olhar ao redor para garantir que não fomos ouvidos.

— Não fomos atingidos. É isso que importa. — Ele pegou seu celular. — Está sem torre.

— Quem sabia onde estávamos escondidos?

— Isa e Juh. — Me olhou com desconfiança e afirmou: — Elas não me entregariam.

— Certo.

— Talvez tenham rastreado essa bosta aqui. — Jogou o celular no chão e pisou nele com sua bota de couro preta, todos ao redor olharam, curiosos.

Me inclinei sobre a mesa e apoiei a cabeça na mão.

— O que faremos agora? Não temos dinheiro...

— Eu tenho dinheiro — me interrompeu.

— Tá, mas eu não tenho e eu estou fugindo com um homem que sequer conheço.

— Farah, agora é pra valer, precisamos confiar um no outro porque definitivamente somos tudo o que temos.

Ergui uma sobrancelha para ele.

— Então por que não começa me dizendo quem quer sua cabeça?

— Você conhece minha índole, sabe que ela é especial e pode atrair muitos inimigos.

— Não, Damon. Preciso de nomes. Passaremos quatro horas nesse barco, temos que começar a ser inteligentes.

— Pensei que não quisesse se envolver nas minhas coisas.

— Estamos nisso juntos. Sairemos juntos.

Ele se inclinou também e deitou os braços na mesa.

— Nomes...Hades, Adônis, Théo, André, Konstantinos, a polícia, seu pai.

— Meu pai não tem o porquê de querer matá-lo. Você tinha um trato com ele. Não tinha?

— Tudo bem, não enlouqueça. Mas ele foi me visitar enquanto você estava com Konstantinos e me pediu mais de um milhão por sua virgindade. Eu não tenho todo esse dinheiro.

— Um milhão? Por que você não me contou sobre isso!?

— Você estava com Konstantinos e eu estava furioso com você. Nem mesmo disse ao seu pai que você não estava mais comigo, só quis ter o prazer de manda-lo à merda e expulsá-lo da minha casa.

O encarei, incrédula e brava. Damon não me dava um descanso. Era impossível ter paz perto dele.

— Meu pai não mediria esforços para acabar com você — garanti. — Mas ele não sabia nada sobre onde você escondia as drogas ou sobre o cadáver.

— Fácil. Ele pode ter subornado um de meus homens...

— Ou a pessoa que denunciou você, não é a mesma que contou sobre nosso esconderijo — fomentei à ideia.

Ele concordou e passou o dedo pelos lábios.

— Isso nos deixa em um beco sem saída.

Fiquei sem ar, eu podia sentir meu coração sendo esmagado pelo meu descontrole.

O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now