Capítulo 22

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Corvo
— Você tem certeza de que aqui é o ponto de descarga? — perguntei a Marvin, agachado ao seu lado na pedra de mármore.

— Sim. Matt e eu temos os observado por dias a fio. Vão transportar as armas no barco de pesca.

— A mercadoria deve estar naquelas caixas de iscas — acrescentou Matt, do meu outro lado.

Observei o movimento por mais alguns minutos. Eram cinco homens carregando o barco, mas apenas dois estavam dentro. Provavelmente os dois que levariam a encomenda.

— Como sabem que já não transportaram as armas? — questionei.

— Porque eles tiveram problema com a polícia há duas semanas. Coincidentemente é o mesmo tempo que estão sem transportar nada.

— Ali. Eu me lembro daquele ali. Eu discuti com ele antes de nos roubarem — alertou Marvin, apontando para um dos gregos armados.

— Aquele outro, não foi o que me amarrou? — perguntou o irmão.

Marvin usou o binóculo para averiguar melhor.

— Foi ele mesmo. Filho da puta. Enquanto eu discutia com um, o outro atacou Matt por trás.

— Tudo bem. Fiquem aqui e só ataquem ao meu sinal — declarei.

— Ficou maluco? Eles estão em cinco. Vão acabar com você — disse Matt, preocupado.

— Se forem comigo eles se lembrarão de vocês e seremos alvejados — expliquei. — Eu lido com gente assim há anos. Eu sei o que estou fazendo. Apenas sigam minhas ordens. — Me remexi e tirei a pistola do cós da calça. — Qual de vocês tem uma boa pontaria?

— Deixe comigo — disse Matt e pegou minha arma.

— Vai desarmado? — questionou Marvin, ainda incrédulo com a situação. — Sabe o que esses caras farão com você se descobrirem que quer roubá-los?

— Não se preocupem comigo. Só fiquem quietos — alertei uma última vez e então me levantei.

Me aproximei pelo porto, sem deixar de prestar atenção em cada detalhe. Cinco caixas de iscas já tinham sido colocadas no barco, cheguei quando a sexta era carregada por dois gregos. Me aproximei desses dois, ao passo em que os outros três organizavam as caixas já postas.

— Desculpe atrapalhar, mas será que algum de vocês poderia me ajudar com meu carro? Estou tendo problema para ligá-lo, deve ter sido o motor. É uma lata velha.

Olharam de um pro outro, sem largar a caixa.

— Estamos trabalhando — disse um deles.

— Eu sei. Eu sei. Mas não vai demorar muito. Só preciso empurrá-lo para o acostamento até que o reboque chegue.

Novamente se encararam.

— Será rápido. Eu prometo — acrescentei, tentando ser convincente.

— Só me deixe levar essa última caixa e eu vou ver seu carro com você — me disse um deles. Tinha um lenço azul amarrado no pescoço e estava de macacão jeans.

— Certo. Obrigado. Querem uma mãozinha com isso aí? — Ofereci e a recusa veio bem rápida. Era suspeito tanto cuidado com uma caixa de iscas de peixe.

— É camarão? — perguntei e apontei para a caixa sem tentar demonstrar muito interesse.

— Lula — respondeu o que não estava de lenço.

Me aproximei mais um pouco e passei o dedo pelo adesivo na caixa.

— Aqui diz sardinha. Ou vocês não sabem ler, ou há outro conteúdo.

— Quem é você? — O de lenço franziu o cenho ao me perguntar.

Já o outro, mais esperto, logo largou a caixa e sacou sua arma. Como consequência, o de lenço não conseguiu segurar a caixa sozinho e ela foi pro chão.

Aproveitei o momento de distração dos dois ao cair da caixa, puxei o grego próximo a mim e o empurrei pra cima do que estava armado. O disparo executado no susto foi na barriga do de macacão jeans.

Dei uma cotovelada no rosto do outro e o desarmei, dando um disparo na sua cabeça em seguida.

O som dos disparos atraiu a atenção dos três que estavam no barco. Fui surpreendido por trás por um grego que eu não contava. Fui pro chão com ele por cima de mim e a arma que eu tinha em punho caiu longe do meu alcance. Fui virado e levei murros dolorosos na cara, antes de conseguir, numa cambalhota, ficar por cima. Desferi golpes no seu rosto, garganta, e quando me levantei, dei chutes na sua costela direita. Mas foi preciso um murro bem dado para desmaiá-lo.

Me afastei logo que possível e então vi que minha luta estava longe de acabar. Ao meu redor, mais homens chegavam. Marvin e Matt não me alertaram que haveria outras encomendas para serem descarregadas exatamente ali naquela noite.

Era uma área totalmente deserta. Nem mesmo minhas habilidades de luta seriam suficientes para detê-los. Eles acabariam comigo.

Acho que Damon precisa de alguém pra limpar as feridas dele

Acho que Damon precisa de alguém pra limpar as feridas dele

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O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now