Farah
Eu chorei.
E chorei mais um pouco.
Eu chorava naquela terça-feira tudo que não chorara toda a vida. Só que, agora, eram lágrimas de alívio que pingavam dos meus olhos.
Eu estava certa. Por sorte o reconheci.
Aquele detonador remoto que Raj pressionava era o que eu havia construído com o circuito interno disfuncional impedindo que ele passasse corrente para o C4 e explodisse. Eu bem que imaginara que eles encontrariam o detonador e usariam a bomba que eu criei.
Na confusão do momento, Raj pressionou e soltou o botão por mais três vezes, atônito.
— Não funcionará. Está desativado — avisei.
Damon agiu rápido e avançou sobre ele antes de dar oportunidade ao outro de sacar sua arma. A briga foi pro chão e socos foram deferidos por ambas as partes. O indiano apanhava, no entanto, a luta também não estava nada fácil pro corvo.
Os dois se levantaram e Raj foi feito um selvagem para cima de Damon, fazendo suas escapulas colidirem contra a parede e finalizou com uma cabeçada no nariz. O sangramento foi quase instantâneo.
Damon estava apanhando porque o outro era maior e mais forte que ele, ou, quem sabe só estivesse com mais ódio na ocasião.
Olhei para todos os lados daquele corredor. Eu precisava ajudar Damon e ignorar tudo que minha religião dizia sobre agressões. Eu não me adjetivaria de covarde.
As vezes precisamos fazer algo ruim pra fazer o certo.Meu instinto de proteção entrou em desespero e fiz o que nunca imaginei. Eu me pendurei em Raj e o mordi no pescoço, o desestabilizando. Ele se sacudiu na tentativa de me derrubar, mas meu anseio individual de sobrevivência era mais insistente que o meu oponente.
Os berros, chiados, vinham de nossas bocas com sangue.
Eu me soltei quando pude perceber que minha ajuda fora o bastante para Damon conseguir reagir e voltar a liderar a briga. Com o punho fechado, foi com a velocidade da cólera na têmpora de Raj e o levou desacordado pro chão.
Depois, no estilo de uma pantera negra, se posicionou sobre o indiano desmaiado, o ergueu pelo colarinho e foi com um murro no rosto dele, revelando sua insanidade em massa.
Contei quatro pancadas.
E ele queria mais, o rilhar doentio dos seus dentes dizia isso.
Demonstrara cada vez mais afastado do seu eu interior ou talvez estivesse mais perto de quem era de verdade.
— Damon, temos que ir — o alertei, embora sua versão descontrolada o impedisse de me ouvir. — Damon!? — Tive de pressionar sua espádua com intensidade para me dar atenção. — Ainda temos uma bomba perdida!
Ele finalmente libertou Raj. Cuspiu sangue no chão, limpou o nariz machucado com o dorso da mão, e se levantou.
— Ele ainda tá vivo — reparou.
— Tudo bem, podemos prendê-lo em alguma sala e quando encontrarmos a terceira bomba, eu tentarei disparar o alarme daqui. Dessa forma quando a polícia chegar encontrará Manish e ele.
— Eu não entro em uma briga para ferir o inimigo, entro para matá-lo — o brilho dos olhos foi bestial. — Acha que deixou sua digital em alguma bomba?
Balancei a cabeça.
— Eu sempre me precavi.
— Ótimo. — Seguiu o caminho inverso ao que recomendei. Pegou a arma de Raj no chão e disparou contra a cabeça do indiano sem piscar. Não tive estômago para ver o resultado final. — Se ele ficasse vivo levaria a polícia até você.
YOU ARE READING
O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)
RomanceATENÇÃO: ESSE NÃO É O MESMO ARQUIVO QUE ESTÁ NA AMAZON. Houve alterações no livro para a venda dele na plataforma. Livro completo na Amazon Série: Escoceses Livro III Sinopse: Ele era ruim. Ela era duas vezes pior. Ele achava que o mundo estav...