Capítulo 55

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Farah
Eu teria ido para qualquer lugar com ele se não tivesse uma aliança reluzindo em meu dedo. Eu podia ter brincando com suposições antes, mas, agora, vivendo a situação, eu jamais trairia o meu marido.

— Shobhan espera por mim.

— Eu sei.

— Então deixe-me ir.

— Essa pode ser a última vez que nos veremos — atentou.

Mordi o lábio.

— Sim, você tem razão. É por isso que a nossa despedida aconteceu naquela noite. Agora tenho um compromisso matrimonial e quero fazê-lo durar.

— Se não quer que eu tire sua roupa, por que confirmou sobre o desenho perdido em seu corpo?

— Porque fazer você ficar com isso na cabeça é excepcional — falei, com uma confiança recém adquirida.

Tentei ir até o botão e ele me agarrou pelos cabelos, levando meu rosto de encontro ao seu. Compartilhamos o mesmo hálito.

— Sabe que não sou um bom moço e que para arrancar a sua calcinha só preciso da sua permissão. Não ligo se está noiva, casada, solteira ou viúva, se disser que sim, prometo que o sexo será do caralho.

Ele sempre teve todos os "sim" da minha vida, mas, naquela noite ganharia o meu primeiro "não". Eu podia ter uma paixonite por Damon, mas eu tentara de todas as formas ganhar um espaço no seu coração e na sua vida e ele fechara as portas ao dizer N vezes que nunca passaríamos de sexo; seu descaso ficou claro quando não apareceu no meu casamento. Eu esperei por ele.

— Tenha uma boa noite, Damon, e, caso eu não torne a vê-lo, tenha uma boa vida.

— Farah... — o timbre manso acompanhou seus dedos soltando os grampos dos meus cabelos e então, mais forte, tornou a puxá-los e encostou os lábios para um beijo firme na minha testa.

Uma lágrima tímida escorreu por minha face.

— Adeus, Damon.

***

Shobhan esperava por mim na cama onde a cabeceira era em folha de ouro e estava com a mesma roupa verde-musgo que usara no casamento.

O quarto que dividiríamos em sua casa era gigantesco, muito maior que o meu. A mobília rústica esbanjava riqueza, as cortinas de material fino e leve lembravam a leveza dos lençóis, a tapeçaria com estampas rebuscadas, assim como as almofadas em cores vibrantes, devia ser uma das mais invejadas do mundo.

As tons quentes das paredes causavam-me um certo incômodo.

Eu preferia tons frios.

A estátua da deusa Ganesha parecia me julgar a cada passo que eu dava para adentrar no cômodo.

Inspirei e expirei o agradável odor de incenso antes de eu vindicar o meu lugar ao lado de Shobhan como sua esposa.

— Sinto pela demora.

— Seremos eu e você pelo resto de nossos dias — pegou em minhas mãos com timidez. A pegada era muito diferente da de Damon.

Pare, agora!

Tik.

— Não poderá haver mentiras entre nós.

Fui seguida.

A ponta dos meus dedos adormeceu.

— Eu não...

— Por isso tenho que ser sincero. — A chama das velas dançou sob seus suspiros. — Não poderemos fazer amor.

O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora