Capítulo 61

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Farah

Sem trapaças;

Sem receios e, definitivamente, sem-vergonha.

— Da última vez que você entrou na minha cabeça foi bem difícil tirá-la. O que é isso que você faz? — Deixei que tocasse meus lábios, meu rosto, a parte superior da minha garganta e que me visse sorrir diante sua ruína. — Começo a achar que é uma maldita bruxa.

Não foi bruxaria. Foi ele ter entregado a mim sua parte mais frágil.

Fui uma grande precipitada ao dizer que não sentia nada por ele.

Bastou botar meus olhos nos seus de novo e meu coração se tornou um paraíso escaldante.

— Eu pensei em você — declarei, cansada de esconder.

— Ah, não diga isso... ou melhor, diga de novo.

— Tenho visto seu rosto em cada homem que me colocou as mãos.

— Isso é louvável.

— É terrível, Damon.

— Sim, é. É de longe a pior coisa que podia ter lhe acontecido, por outro lado, estou achando tão encantador ouvi-la dizer. Eu senti sua falta, traiçoeira. Mais do que gostaria. Foi chato pra caralho tentar não comparar cada boca que beijei com a sua.

Deu-me seu mais belo sorriso.

— Seu marido permite que eu a beije?

— Não me beijaria se ele recusasse permitir?

— É claro que eu a beijaria, mas se eu soubesse que não é permitido, faria isso de forma mais depravada.

— Então aprendeu a se comportar?

— Eu não...Apenas cale a boca, pequena desgraça!

Quando nossos lábios pretendiam ser tocados, a empregada entrou aos berros.

Damon se afastou para falar com a Dona Galanis. Ela estava esbaforida e com suor brilhando na testa.

Esperei ansiosamente que os dois conversassem em seu idioma para Damon me explicar, agitado:

— Mataram o meu cão!

— Não!

Seguimos a empregada até o jardim de inverno, correndo. Quando chegamos, vi o pobre animal decapitado e isso me partiu o coração.

Voltei minha atenção para Damon. Ele se agachou próximo aos pedaços do cachorro, sem saber o que fazer.

Estava desolado.

— Quem faria uma coisa dessas? — perguntei, absorta.

Ele passou o dorso da mão pelo nariz e se levantou sem dizer uma palavra.

— Damon!?

Não me ouviu. Respondi ao seu silêncio me recolhendo ao silêncio também.

Os gêmeos apareceram em seguida e também tentaram falar com ele. Em vão.

Damon não respondeu ninguém.

Estava analisando os fatos?

Relembrando de algo?

Já tinha um suspeito?

Aproximei-me de Matt e Marvin.

— Ele era louco pelo cachorro — expliquei.

— Tenho pena de quem fez isso. Na verdade, não tenho não. Merece o pior! — expôs Marvin.

— Devemos enterrá-lo? — coloquei a questão.

O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora