Capítulo 31

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Farah

Coloquei um dos vestidos que Manish me dera e escondi um rastreador entre meus seios. Era importante que ele não desconfiasse de nada. Escovei meus cabelos, pintei os olhos, me cobri de brincos e pulseiras, e fiz careta quando olhei para os colares. Eu não os usaria novamente tão cedo.

A manhã estava ensolarada, ali a luz do sol não se escondia através de prédios. Os trinados dos pássaros duelavam com o som das buzinas ao longe. O casebre de Manish fedia a produto químico e quando vi um copo de plástico com uma substância amarelo-esverdeada eu soube que se tratava de nitroglicerina.

— O que isso está fazendo aqui!? — Apontei para o copo.

Manish que estava escorado no batente da porta de entrada, se virou.

— Um experimento.

— Não traga isso para dentro de casa nunca mais. Basta uma sacudida vigorosa para que você exploda tudo!

— Não planejo sacudi-lo — disse a voz da ignorância.

— O que quer fazer com nitroglicerina?

— Uma dinamite. Mas não vou mais.

Meus dentes bateram, trêmulos.

— Por que precisaria de uma dinamite? Pensei que fôssemos usar o C4.

Onde Manish queria chegar com suas ideias? Havia um paradoxo muito grande nas informações que estava me passando.

Ele se aproximou e correu com as mãos por meus braços, os acariciando.

— Esqueça isso, era só uma ideia. Pensei em usar uma dinamite no lugar do tiroteio para evacuar a estação. Só isso.

Me afastei ligeiramente.

— Eu disse que não queria machucar ninguém.

— Não iremos. Eu prometi a você.

Aquiesci. Só que não me sentia convencida.

— Sabe, eu não entendo uma coisa. Na verdade, há muitas pontas soltas aqui na minha cabeça. Primeiro eu quero entender o que ganharíamos soltando um explosivo em um vagão de trem? Como isso ajudaria os intocados e as mulheres?

Me olhou engurujado.

— Será uma mensagem, um aviso de que estamos aqui e que queremos atenção.

— Então planeja ser descoberto?

Baguan Kelie (meu Deus). Por que tantas perguntas logo cedo, djan? — semicerrou os olhos.

— Eu só quero ter tudo às claras. Raj conseguiu meus cabos?

— Ele precisou fazer um favor para mim e ficou de comprar na volta.

Qual favor pedira a Raj? O que podia ser mais importante para Manish que comprar as peças para eu fazer seu explosivo?

Tomei a frente.

— Eu mesma irei comprá-los.

— Pensei que havíamos combinado de que essa não é uma boa ideia.

— Não combinamos. — Neguei. — Você expôs o que achava sobre eu sair e eu concordei até certo ponto. Mas, se queremos ser rápidos, não podemos ficar esperando por Raj. — Tentei persuadi-lo. Precisava investigar sobre aqueles rastreadores. Estavam funcionando ainda?

— Posso ir com você.

— Não. Uma casa cheia de armas e produtos para fabricação de explosivos não pode ficar sozinha. Se alguém encontrar essas cois...

O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora