Capítulo 20

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Corvo

Punhos.

Respiração.

Raiva.

Eu estava mais que pronto para uma briga. Mais que pronto para atacar fosse lá quem me irritasse.

Logo que deixei o restaurante indiano, segui por um beco onde as vozes dos gêmeos podiam ser ouvidas. Não sabia sobre o que falavam, mas entendi quando disseram que precisavam de mais uma semana.

— O que foi? — Cheguei perguntando e conseguindo a atenção dos cinco.

— Não é nada, Damon. Deixe que a gente resolva isso. — Matt ficou no meu caminho e eu não pude me aproximar.

— O que querem com vocês? — questionei. Eu conhecia o tipo daqueles três gregos. Eram caras da pesada.

— Já falei que não é nada. Volte pro restaurante, nós vamos daqui a pouco — reforçou Matt, me empurrando pelo peito toda vez que eu pretendia ultrapassá-lo.

— Quem é esse daí? — perguntou um dos homens, se referindo a mim. Tinha um cigarro na boca.

— É nosso irmão — respondeu Marvin.

— Talvez ele possa me pagar. — Me avaliou dos pés à cabeça. — Roupa cara, sapato de marca. Você deve ter uns dois mil euros só nesse corpo agora.

— Deixe-o fora disso — rebateu Matt.

— O que devem para ele? — perguntei para nenhum dos gêmeos em específico.

— Não é n...

— Nada o cacete. Já tiveram a metade do dinheiro pelo serviço. — Cortou o grego e pisou no seu cigarro ao jogá-lo no chão. — Esses bostinhas tinham um trabalho pra fazer, mas deixaram minha mercadoria ser roubada.

— Que tipo de mercadoria? — perguntei e tirei Matt do meu caminho, ficando frente a frente com o grego.

— Armas.

Dei uma rápida olhada nos gêmeos. Eu ia estrangulá-los por terem se metido com gente errada novamente, só não antes de salvar sua pele.

— Que tipo de arma? — perguntei.

— Isso importa? — O grego retrucou.

— Não o pagarei em dinheiro. Eu recuperarei sua encomenda para você — garanti.

— E você, é quem?

— Que tipos de arma!? — Ignorei sua indagação. Seu modo carrasco não me intimidava, estava acostumado a lidar com aqueles tipos.

— Cerca de cinquenta fuzis e munições. Você não sabe nem quem as roubou, como vai recuperar? Tem algum superpoder? — A pergunta fez seus súditos rirem.

Mantive a frieza e insensibilidade. Não deixaria meus instintos me dominarem, não depois de ter visto Farah se juntar a nós, insistindo em nos observar. Se eu resolvesse atacá-los, não poderia protegê-la daquele conjunto de garras.

— Me dê 48 horas e eu os farei calar a boca. — Não titubeei.

                                            ***

Fechei a porta em um baque ao entrarmos em casa.

— Eu mandei vocês pararem com isso. Mandei ficarem longe desse tipo do perigo! — bradei, sentindo uma imensa besta dentro de mim.

— Não tente nos dar lição de moral quando é pior que a gente — retrucou Marvin.

— Tudo que fiz foi para protegê-los — devolvi, impetuoso. A raiva que habitava o interior da minha alma, era mais forte que tudo.

— Você tem que aprender a parar de se meter na nossa vida. Você não é nosso pai, na verdade, nem nosso irmão de verdade você é — Marvin rugiu ardente e eu fui pra cima dele, o erguendo pelo colarinho. O momento sagrado de calmaria se esvaiu e eu perdi o controle.

— Parem agora! — Interviu Matt que até então estava em um canto oposto com Farah. E pela forma horrorizada que a indiana a mim encarava, eu soube que era hora de acabar com a discussão.

Entalei a mágoa brumosa na traqueia da goela e o soltei, mas não recuei.

— É a última vez que faço algo por vocês.

— É a última vez que faço algo por vocês

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O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora