cap. 27 🌆

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P.O.V Caroline

eu já tinha ideia do que seria a nossa conversa quando chegássemos em casa, culpa toda minha que tive tempo pra falar a Dani que minha mãe não sabia mas não falei. parabéns Caroline.

assim que entramos em casa, minha mãe ficou parada com os braços cruzados na sala.

- Daniela, você pode dar licença pra eu conversar a sós com a minha filha? - minha mãe perguntou olhando pra Dani que tava com uma expressão nervosa.

- Carol, me desculpa. - Dani falou baixo pra mim, antes de sair da sala, indo pra um dos quartos.

- quando você ia me contar, Caroline? - minha mãe foi direto ao ponto.

- assim que eu pudesse, mãe. eu juro. - suspirei, caminhando até o sofá onde me sentei. - eu tava com medo da sua reação, eu lembro o seu surto quando a Day se assumiu, quando você descobriu que a gente dormia na mesma cama... eu só não queria estragar as coisas agora com a gente, comigo tão perto de conseguir uma editora pro livro... você tava tão animada.

- há quanto tempo isso tá acontecendo? - ela pareceu ignorar tudo o que eu havia dito.

- a gente começou a ficar há uns três meses, mas só estamos namorando mesmo há dois. - encarei o chão, o lugar que tava mais fácil encarar do que a minha mãe.

- olha quanto tempo isso tá acontecendo, Caroline! - ela alterou a voz. - você teve muitas chances de me falar e não o fez.

- mãe, eu tava em Portugal. essa conversa é pra se ter pessoalmente, eu queria ter pessoalmente. - falei um pouco alterada também, cobrindo meu rosto com minhas mãos. - você não entende que eu tava com medo exatamente dessa reação?

- você não é assim, Caroline. você sempre foi uma ótima garota, mesmo convivendo com a Dayane. - observei de canto de olho ela levar as mãos a cabeça, arrumando seu cabelo. - quando eu contar isso a Selma, com certeza ela vai me entender.

- ela já sabe mãe. - suspirei, sentindo o olhar da minha mãe em mim. - no enterro do avô da Day, a gente contou. foi bem mais fácil, ela já sabia que uma hora a Day ia namorar alguém e ela ficou feliz que fosse a mim. eu pedi pra ela não te contar, até eu ter coragem pra isso.

- então a Selma já sabia? - sua voz estava um pouco mais alterada que antes.- Caroline, você não vai continuar isso.

ouvir a voz da minha mãe tão alterada já era de se esperar, eu já tava preparada pra isso, mas ela falar que eu não ia continuar com a Day, foi como um tiro. eu já tava segurando minhas lágrimas quando me levantei e encarei seus olhos.

- você não manda na minha vida amorosa, mãe. e não há nenhum problema em namorar uma mulher, não tem nada errado nisso.- ela ia falar algo, mas eu interrompi. - pensei que fosse ter ao menos um pouco de consciência nessa conversa e perceber que ao menos é a Day. a garota que sempre cuidou de mim desde que nós éramos crianças. a garota que sempre esteve do meu lado em tudo. uma garota incrível! - nesse momento minhas lágrimas já estavam rolando por meu rosto sem nenhum controle. - ser lésbica não faz ninguém mudar o que é, você sabe o quanto ela é incrível e isso nunca mudou desde que eu conheço ela. então, espero que você tenha consciência disso.

antes que ela pudesse responder alguma coisa, andei nos passos mais rápidos que eu pude até chegar em meu quarto, onde tranquei a porta e me joguei na cama, desabando de uma vez, chorando tudo que não havia chorado na sala.

depois de muito choro, eu acabei me acalmando aos poucos. lembrei que eu ainda não tinha falado nada com a Day, e decidi falar depois. agora não era a melhor hora pra isso.

- Carol? posso entrar? - a voz de Dani soou por trás da porta.

me levantei, enxugando meu rosto que estava ainda molhado pelas lágrimas e destranquei a porta, abrindo a mesma e voltei pra cama.

ouvi a porta ser fechada de novo e a cama ao meu lado afundar um pouco.

- me desculpa, Carol. eu não queria ter falado, e não queria que isso tivesse acontecido.

- você não tem culpa, Dani. eu quem devia ter te avisado sobre isso, você não sabia. - suspirei, me arrumando na cama. - eu devia ter falado com ela antes.

- foi tudo muito rápido, eu nem sei como ela foi parar lá. ela disse que queria te ver e receber a notícia na hora que você saísse de lá. a gente começou a conversar muito e a gente entrou no assunto e eu acabei deixando escapar que você e a Day namoram. - ela falou tudo muito rápido. - me perdoa, eu não queria mesmo que isso tivesse acontecido.

- relaxa, Dani. já te falei que você não tem culpa.

- vem cá, não fica assim. - ela me puxou pra um abraço, afagando minhas costas. - quando eu me assumi pra minha família, foi bem parecido. na verdade, foi um pouco pior. a gente brigou muito, eles falaram coisas terríveis e eu acabei saindo de casa. sua mãe te entende, Carol. ela te ama, e só precisa de um tempo pra assimilar tudo. ela vai entender.

- eu espero mesmo. não aguentaria ficar sem ela por muito tempo. - disse, fungando baixinho graças ao meu choro antes. - eu só queria que por agora fosse tudo muito perfeito, sabe? que ela ficasse feliz pelas minhas chances com a editora... e depois eu contaria..

- em falar nisso, sei que não vai fazer tanta diferença já que você esperava isso dela. mas eu tô feliz por você, tenho certeza que você vai conseguir.

- eu espero. e obrigada, Dani. eu não sei como eu estaria agora se você não tivesse me arrumado essa reunião.

- não me agradeça, Carol. você fez por onde merecer isso e muito mais. eu só dei um empurrãozinho. - me afastei um pouco dela, que se levantou da cama. - ah, e eu tenho certeza que mesmo com essa briga, sua mãe tá orgulhosa de você.

- eu espero que sim. obrigada de novo, e não se culpa por isso. ia acontecer uma hora ou outra.

"F.R.I.E.N.D.S" - Dayrol Onde histórias criam vida. Descubra agora