cap. 40 🌆

898 89 37
                                    

P.O.V Carol

quando cheguei em Portugal, Day não estava em casa e a noite já caía. pensei então que ela tivesse ainda ocupada, afinal tinha coisas para resolver também. meu celular não parou um segundo desde que saí do Brasil, mas me manti sem olhar ele, não queria nada que não fosse me resolver com Dayane.

joguei minha mala sob o sofá e me sentei sob o mesmo, por um momento todas as lembranças que tinha com Day naquela casa passaram pela minha cabeça, me fazendo sorrir, ao mesmo tempo que sentia um aperto no peito.

a última coisa que eu poderia fazer era perder Day, eu não me perdoaria por isso, não mesmo. eu amo ela, e é a única coisa que eu realmente tenho certeza nessa vida.

a porta foi aberta, porém Day não me notou ali, com a cabeça baixa caminhou até o interruptor, mas parou ao ver que a luz já estava ligada. só aí ela me viu, dei um sorriso ladino enquanto me levantava e fui até ela, abraçando seu corpo com força, de início ela não retribuiu, mas assim que me abraçou me apertou forte contra seu peito.

- me desculpa, me desculpa mesmo. - sussurrei, sentindo todo a culpa escorrer em minhas lágrimas. - eu não quero ficar longe de você, não quero. me perdoa por tudo isso.

- você me fez ficar mal, pensei que não fosse vir. - disse, antes de nos afastarmos um pouco.

- na verdade eu precisei de um empurrão do Bruno pra acordar e ver o que eu estava fazendo. - admiti, suspirando. - nunca quis me afastar de você, nem fazer você se sentir mal por mim, mas eu também estava mal. e ainda tô mal por isso.

- ei, você tá aqui. - segurou meu rosto entre suas mãos. - isso é o importante.

- não, baby. - suspirei. - eu não ia estar aqui, eu tava afastando nós duas. eu sei que o importante é que agora estamos juntas, mas me diz, até onde eu iria se o Bruno não me alertasse? eu iria deixar você ir sem mais nem menos?

- eu nunca iria. - Day disse e eu neguei com a cabeça.

- não, Day. você iria, porque ninguém aguentaria mais do que você vem aguentando. - falei, levando minhas mãos até seu rosto.- você iria cansar de ter tão pouco, iria cansar de não me ver e eu não fazer esforço. uma hora você cansaria, e eu me sinto péssima por não ter percebido que por muito pouco eu estava te perdendo.

- eu amo você, Carol. - Day disse, suspirando. - eu realmente não estava mais aguentando você estar indo embora aos poucos, me deixando no escanteio, mas eu te amo.

- eu vou tentar melhorar isso, eu te prometo e eu não vou quebrar essa promessa. - disse, dando um sorriso fraco. - eu preciso aproveitar minhas oportunidades, eu sei, mas eu amo você, e você sempre vai ser minha prioridade, mas por um momento eu deixei o meu trabalho virar prioridade, eu deixei ele me consumir sem necessidade. - respirei fundo. - mas tá difícil pra mim, não é fácil carregar o peso da culpa de estar longe de você. a pressão que eu tô sentindo achando que eu realmente preciso escrever outro livro o mais rápido possível e que eu tenho que me dedicar só a isso e sacrificar tudo, mesmo que me doa. por um momento eu esqueci quem sempre tá lá comigo, quem sempre vai estar, quem sempre vai me ajudar a levantar se eu falhar. quem vai me incentivar a ir em frente mesmo se isso custar algumas coisas.

- não é tarde baby, foram só uma semana. - Day disse e eu neguei com a cabeça.

- eu não quero mesmo te perder, Dayane. mas o que Bruno falou, me fez refletir sobre tudo e enquanto eu vinha, eu sentia que precisava dar um jeito nisso. - suspirei. - eu me sinto uma egoísta por querer que você fique, porque no fundo eu acho que não mereço o seu amor. que tipo de pessoa ama alguém, mas na primeira oportunidade deixa algo passar a frente da importâncias da outra? eu sei que não mereço seu amor, mas eu te amo e eu não quero perder você, porque sempre foi você. nunca foram as meninas ou os meninos, sempre foi você, e é a única pessoa nesse mundo capaz de me fazer amar de verdade. sempre foi e sempre vai ser você, por isso, eu vou sair da editora.

- o quê? - Day estava boquiaberta, com uma interrogação estampada em seu rosto.

- eu vou sair da editora, quer dizer, não completamente. - disse, suspirando. - eu vou ficar apenas trabalhando com meu livro que lancei, não vou mais trabalhar pra nenhuma outra coisa na editora. talvez eu não leve jeito pra isso, talvez escrever seja só um hobby que vem desde muito tempo. - me afastei, sentando no sofá. - eu tô completamente confusa, Dayane. - admiti, vendo ela se sentar ao meu lado. - eu pensei que me conhecesse, eu tinha certeza de quem eu sou, mas desde que eu me assumi pra você, desde que começamos a namorar, eu tenho visto versões de mim que eu nunca imaginei. eu tô me descobrindo novamente e eu tô cometendo erros por isso, eu nunca tentei fazer outra coisa, sempre foquei só no que eu gostava de fazer, mas nem sempre é assim.

- como? - Day perguntou, acariciando minhas costas.

- nem sempre o que eu faço desde cedo é o que eu realmente vou fazer pro resto da vida. - levei meu olhar para ela. - eu sempre pensei que por eu gostar e ser destacada por escrever, era o que eu devia fazer, por isso nunca ousei outra coisa. mas eu quero me conhecer, descobrir outros prazeres que eu tenho, e quero decidir minha vida quando eu tiver certeza de com quê eu deveria trabalhar, o que eu realmente gostaria de fazer.

- você sabe que sempre vou te apoiar. - Day disse, dando um sorriso ladino. - não sabe?

- eu amo você, baby.

- eu te amo, minha ruivinha.

só nesse momento eu havia percebido, ainda viriam muitas coisas na minha vida e o dia em que eu lancei meu livro, foi a despedida. a despedida da antiga Carol, dos antigos pensamentos e da minha antiga vida, e tudo começou naquela semana, e de forma indireta, também havia sido a despedida de Day de sua antiga vida, seja lá qual caminho eu seguir, isso vai influenciar na vida dela também, tinha sido nossa despedida. eu precisava passar por essa fase com Dayane, pra perceber que eu ainda precisava me conhecer, e ver que eu tinha apoio pra descobrir o que eu realmente era, porque ela sempre ia estar comigo, em qualquer caminho que eu seguisse.

VOCÊS ME ODIARAM ATOA, TÁ VENDO, TCHAU.

"F.R.I.E.N.D.S" - Dayrol Where stories live. Discover now