Capítulo 24

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Bip.

Uma dor em meu corpo.

Bip.

Uma dor em minha cabeça.

Bip.

Estou com sede.

Bip.

Bip.

Bip.

Bip.

Um bip ritmado e constante ecoa pelo lugar, ou será em minha cabeça?

Minhas pálpebras estão pesadas, mas forço-as a abrirem. Minha visão está embaçada, mas consigo ver após piscar bastante.

Uma janela, uma porta, uma pequena mesa em um canto, um sofá no outro, flores em cima da mesa...

Não dá pra distinguir quais flores são ainda, estou com a visão embaçada demais.

Uma cama onde estou, fios em meu braço e pelo corpo. Essa dor familiar de agulhas na minha pele.

Hospital.

"Hum" resmungo, olhando em volta, mas minha cabeça está um pouco pesada.

Vejo uma figura, apoiada a minha cama.

"Mila?" Ele se ergue, me olhando assustado e empolgado. "Oh, graças a deus, que bom que acordou querida" parece estar com lágrimas nos olhos.

"Oi" digo, um pouco rouca.

"Você tá bem? Tá doendo em algum lugar?" Ele se levanta, me olhando melhor.

"Minha... Cabeça" respondo bem baixo. "Quanto.... Quanto tempo eu to aqui?"

"Três dias" ele sorri levemente, a sala mais iluminada do que antes após meus olhos se ajustarem melhor, eu consigo o ver. "Está aqui a três dias... Alice te encontrou, desacordada, com um machucado na cabeça. Ela ligou pro irmão, pra trazer você ao hospital..." Explica. Vejo lágrimas em seus olhos e bochechas agora.

"Isso nunca aconteceu antes" resmungo.

"Você desmaiou"

"Não." Nego, olhando pra ele. Foi mais como morrer.

"Eu vou chamar o médico, não sai daqui" ele diz, saindo da sala, ainda mancando, com proteção na perna.

Dou um sorriso com isso. Pra onde eu iria?

Instantes depois, eles retornam, ele agora acendendo a luz, me forçando a fechar os olhos.

"Olá, senhorita. Espero que esteja melhor... Se lembra de alguma coisa? De quem é, de onde mora... Quem é ele?" O médico diz, apontando ao cara bonito.

"Eu sou Mila"

"Ele disse isso pra você" o médico me repreende em uma voz suave. "O que se lembra, que você mesma sabe, só você"

"Por que isso?" O cara pergunta, Tom. Tom pergunta, me olhando intercalado com o médico de jaleco branco.

"Ela bateu a cabeça. É o procedimento padrão, perguntar aos pacientes se se lembram de algo..." ele explica calmamente.

"Camila" respondo, atraindo a atenção deles. "Meu nome, completo... Mila é só um apelido. Eu to com sede, posso beber água?" Suspiro, inalando oxigênio extra pelos canudos em meu nariz.

"Claro, irei pedir a alguém pra trazer" ele sorri "se lembra de algo mais? Das perguntas que eu fiz? Ou delas em si?"

"Eu moro em um apartamento, perto da faculdade, mas não tão perto, tenho que pegar ônibus pra chegar." Paro um pouco, minha garganta dói por estar seca "eu não sou daqui, sou de outro país. E ele" mudo meu olhar a Tom, que está apreensivo e tenso "é meu namorado. Eu me lembro de tudo..."

AssistantWhere stories live. Discover now