Capítulo 54

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"E aqui, é outro quarto. Esse era pra ser o meu" ele diz, abrindo a porta e deixando que eu entre primeiro.

É simples, e sem móveis, como os outros. Mas o diferencial, é que tem a vista pra um pequeno lago ao longe, com uma ponte o atravessando.

"É uma bela vista" falo chegando perto da janela, pra ver melhor, e daqui também tem a vista para o jardim cheio de flores no fundo da casa.

Mas como já está chegando o inverno, elas estão começando a murchar.

"Tem que ver no verão. Agora já estão caindo" ele diz do meu lado, parecendo pensativo enquanto observa o jardins.

"O que foi?" Pergunto confusa.

"De que cor quer as paredes?"

Bufo pra não rir. "Eu quero mudar de quarto, o que acha?" Olho em volta, esse é maior do que aquele, também tem lareira, é espaçoso e bem iluminado. A vista é linda... "Eu gostei mais desse do que o outro, e você?"

"Eu já queria ficar com esse mesmo" sorri largo, beijando minha bochecha. "Vamos mudar hoje, que tal agora? Pegamos tudo e trazemos pra cá" sorri animado.

"Okay" concordo, e assim vamos.

Primeiro, levamos nossas malas, deixando perto das janelas, que eu abro pra poder entrar um ar que os vidros não permitem a passagem. A brisa fria do outono já está começando a ficar cada vez mais fria...

"Amor, ajuda?" Ele diz e saio do transe mental e vou o ajudar com o criado mudo.

"Desculpa, tava viajando" peço desculpas com um sorriso sem graça.

Ele apenas ri e me ajuda a arrumar. "Agora, quero ver a cama" ele suspira.

"Você tem ferramentas?" pergunto curiosa.

"Não?" Parece confuso e pensativo.

"Acho que eu tenho... Devo ter uma no porta malas do carro" digo e vou saindo

"Amor" ele me chama e paro no batente pra olhá-lo. "Você tá sem calças" se refere a fato de que não estou mesmo usando calças. Só seus moletons até as minhas coxas.

"Não tem problema" dou de ombros.

Pego a chave do carro em cima da mesinha ao lado da porta da saída e vou até a garagem, pela porta de acesso que permite irmos até lá sem precisar sair pra fora da casa.

Gente que tem inverno rigoroso pensa em tudo.

Abro o porta malas e depois de fuçar um pouco, acho a pequena caixa que eu deixo pra caso precise na estrada ou quando estou fora de casa.

Alice me chamava de paranoica. Quem é a paranóica agora?!

Volto com a minha caixa e vejo Tom lutar pra desmontar a cama com uma faca de cozinha.

"Tom, vai, para com isso. Me dá" ofereço minha mão e ele me olha sentado, fazendo birra "vai se machucar assim, me dá" insisto.

"Eu não tenho cinco anos e- ai!"

"Se cortou, não foi?" Apenas faço cara de tédio.

Ele simplesmente coloca a faca na minha mão, e a coloco em cima da beirada da lareira. Me abaixo pra ver sua palma, com um corte sangrento ali.

"Não quero ser chata mas, eu avisei" digo pegando sua mão pra analisar se foi fundo.

"Agora não posso te ajudar"

"Tem a outra mão ainda" respondo, me levantando, indo até minha mala.

Procuro o pacote de absorventes que eu trouxe. Eu uso aquelas calcinhas que absorvem assim não poluo o planeta com meus absorventes, mas mesmo assim, sou paranóica e trouxe um pacote.

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