Capítulo 71

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Alguns Meses depois...


Mary Jane está com um ano e meio.

Ela já anda e tudo, aquele andar de pato, mas a gente releva.

Só que, na parte de falar, ela ainda não disse uma palavra que soe como uma palavra.

Apenas sua linguagem de nenê ainda.

Eu e Tom estamos um pouco preocupados com isso. Já conversamos sobre isso, sobre ela não conseguir falar direito ainda.

Mas resolvemos dar mais um tempo, ela precisa de espaço e fazer as coisas ao seu tempo.

Caralho, não creio... virei minha mãe.

No dia que ela andou, sozinha, até Tom, ele chorou. Minha mãe chorou. Meu pai chorou...

Enfim, foram muitas lágrimas.

Eu ia dizer que era algo idiota, mas depois de lembrar o tanto que nós duas sofremos pra chegar a onde estamos, o tanto que lutamos pra ficarmos vivas, torna Mary Jane um milagre.

E isso me emocionou. E até eu acabei chorando.

"Amor!"

Tom grita de lá de cima, e levanto os olhos do meu sketchbook e olho para o teto da cozinha.

"O que é?!" Grito de volta.

MJ apenas me encara como se fosse louca. Tadinha, sabe de nada ainda.

"Você pegou meu negócio?!"

"Que negócio?!" Grito mais uma vez.

"Aquele negócio" insiste, e ouço seus passos apressados.

"Se nem você sabe do que tá falando imagina eu!" Protesto, toda confusa.

"Aquele negócio que corta os pelos quando você coloca na tomada"

"Tá falando do seu barbeador elétrico?"

Agora ele aparece no fim da escada, me olhando todo bagunçado. Sem camisa e todo descabelado.

"Que isso, tava fazendo o que?" Pergunto ao vê-lo parecendo um mendigo.

"Eu sei, eu sei" ele suspira e coloca as mãos nos quadris "mas eu preciso do meu barbeador"

"Pra cortar o que?"

"Não dá, é sério isso?! Somos casados a anos, e você não supera o fato de que eu não consigo crescer uma barba!" Ele diz, exasperado e gesticulando.

"Desculpa Tom, mas você sabe que meus pelos pubianos são mais espessos do que seus pelos faciais" digo gentilmente enquanto fecho meu caderno. "Eu sinto muito"

"Pelos pubianos" ele imita minha voz e faz uma careta. "Sacanagem" revira os olhos agora.

"Discuta com seus pelos e póros, nãos os meus" ergo as mãos, em oferta de paz.

"Você pegou o negócio ou não?" Ele cruza os braços, impaciente.

"Não. Mas eu ajudo a procurar" concedo me ajeitando e levantando da cadeira.

Fico de pé e minha perna está com aquela sensação de chuvisco na TV e quando vou mudar de passo, meu pé fica preso em algo e acabo me estabacando no chão da cozinha.

"Mila, tá tudo bem?!" Ele parece preocupado e ouço seus passos.

"Ai, merda!" Xingo aparecendo do outro lado da mesa, arrumando o cabelo. Tadinho do meu dedinho, acho que foi ele que bati.

AssistantWhere stories live. Discover now