Capítulo Três

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Rol Fisher:

— Você é um tirano. Por isso, está sozinho. Ninguém quer um líder que usa sua força para oprimir — disse, encarando Carmuel, que me olhava com ódio.

Ouvi a respiração de todos ao meu redor cessar, seus olhares fixos em mim, uma mistura de espanto e incredulidade preenchendo o ar. Naquele momento, não conseguia definir que papel eu estava desempenhando – um grande guerreiro ou talvez apenas um idiota impulsivo.

A exaustão dominava meu corpo, uma carga pesada após tudo que enfrentei, especialmente pela influência que Carmuel exercia sobre Santiago, transformando—a em uma ameaça para controlar—me. Cada músculo tenso, cada respiração entrecortada, eu me mantinha ali, desafiando a ordem estabelecida, mesmo que por um breve instante. Era um ato impulsivo, mas a necessidade de resistir à tirania de Carmuel era maior do que qualquer dúvida sobre minha própria posição naquele momento tenso.

— Como ousa fazer isso comigo — Carmuel disse ao se levantar, mas soava como um rosnado enquanto me encarava. — Como ousa me atacar para defender uma beta, imundo!

Continuei encarando aquele homem, que me olhava com ainda mais ódio, mas posso dizer que o sentimento era mútuo. Ele se aproximou, e fiquei parado, desafiando-o.

— Betas sempre são assim, querem lutar contra alguém que é mais poderoso do que eles — Carmuel disse e me segurou pelo queixo. — Me explique como é sentir essa dor.

Vacilei por segundos, a dor causada pela marca se intensificou, minha expressão se contorce em agonia, transformando-se em algum tipo de satisfação para ele, cujo sorriso aumentou.

— Você só se faz de forte, mas sabemos que essa não é a verdade — Carmuel disse, jogando-me no chão. — No fundo, é só uma criatura insignificante e assustada.

Apertou meu queixo com força, uma unha se expandiu ameaçadoramente, pronta para cortar. Os gritos de Santiago pedindo para que Carmuel parasse ecoavam ao fundo.

— Esse é o lugar de um beta, tremendo de medo — Carmuel disse rosnando. Olhei nos seus olhos, percebendo uma certa confusão neles. — Deve viver abaixo de um alfa, sempre abaixar a cabeça para ômegas. Betas são inteiramente covardes, nunca farão nada além de tentar se fazer de algo que não são.

— Vai se foder — disse, minhas garras atingiram sua barriga, e ele gritou em surpresa. — Jamais vou me permitir abaixar a cabeça para alguém.

A raiva pulsava em mim, a dor da marca tornava meu corpo dormente, uma vontade de chorar surgia, mas não permitiria ser vencido ou humilhado por ele.

Depois de anos sofrendo com minha família biológica em silêncio e me rebaixando sem motivo aparente, só por estar vivo, nunca permitiria que isso acontecesse novamente.

— Irmão, Rol, parem agora mesmo — Tri disse, e Carmuel parou bruscamente de segurar meu queixo. — Se continuar com essa cena, todos vão duvidar do seu papel como um dos jovens soldados. — Suspirou. — Rol, pode tirar suas garras da barriga do meu irmão.

Olhei para Tri, notando que uma de suas mãos brilhava em um azul-escuro, assim como seus olhos.

— Desfaça o feitiço! — Carmuel ordenou, e percebi que todos os outros lobos ficaram tensos imediatamente.

Mesmo não sentindo, sabia que Carmuel liberou os feromônios deles.

— Sabe que seus feromônios não me afetam — Tri disse. — Nenhum feromônio me afeta, nem mesmo os de um alfa da sua laia.

Tirei as garras da barriga dele, e caí no chão sentado, minha visão ficando turva pela dor latente em meu corpo. Santiago se aproximou de mim, pegando meu braço para me ajudar a levantar.

O Jovem Soldado(ABO/MPreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora