Capítulo Trinta e Nove

721 158 3
                                    

Carmuel So-jeff:

— Investigue os Fishers também e veja se têm alguma ligação com essa possível rebelião — Rol disse, e novamente veio à minha mente a imagem de mim chorando em um canto durante minha infância, enquanto minha família me tratava como um verme. Uma raiva avassaladora subiu em meu peito, e soltei um rosnado baixo, prometendo a mim mesmo que iria atrás daquela família e os destruiria um por um, lentamente.

Rol me olhou com um sorriso amplo e imerso, e desviei o olhar rapidamente, mas ainda pude captar sua expressão divertida diante da minha timidez. Mesmo quando ele pegou minha mão e deu um tapinha delicado, senti meu rosto arder.

— Não precisa ficar assim, lobão — Rol disse, soltando uma risada enquanto eu ficava ainda mais vermelho de vergonha, tossindo para tentar me recuperar.

— Sinto como se estivesse voltando à época em que você era um adolescente — meu tio disse, soltando uma risada. — Era muita timidez.

Rol soltou mais uma risada, e isso só fez com que eu me sentisse ainda mais envergonhado.

— Esqueçam isso! Por enquanto, acho melhor não contarmos para Tri o que está acontecendo. Ela já deve ter muitas preocupações na própria cabeça para ter que lidar com isso, ainda mais achando que as coisas estão indo muito bem — falei para ambos, enquanto recuperava a compostura.

— Entendemos. Por isso, não vou revelar a ninguém que esteja próximo dela ou da liderança dos betas, e poderemos agir nas sombras, com os fantasmas podendo contatar o que veem — Rol disse, sorrindo amplamente. — Tenho um plano para isso.

Assenti, confiante de que Rol tinha um plano sólido em mente. Era reconfortante saber que tínhamos uma estratégia para lidar com a situação delicada sem sobrecarregar Tri com mais preocupações.

— Parece um plano sólido — comentei, sentindo um alívio ao pensar que poderíamos trabalhar discretamente para resolver os problemas que surgissem.

Com um aceno de cabeça, Rol e tio Leonardo concordaram, e juntos começamos a traçar os detalhes do plano, determinados a agir com cautela e eficácia para proteger nossa alcateia.

Quando eles saíram do meu quarto, franzi a testa, mergulhado na confusão de ter meus sentimentos de volta, trazendo consigo os pensamentos que eu preferia ter deixado para trás.

À medida que a turbulência emocional se aquietava, eu me reafirmava, determinado a reassumir meu lugar e mostrar que posso viver com integridade, apesar dos erros do passado.

Decidi visitar um lugar que não frequentava há muito tempo: o quarto dos meus pais, que não pisava desde aquele dia fatídico. Na parede, uma foto deles sorria um para o outro, congelados em um momento de felicidade que agora parecia tão distante.

Minha mãe irradiava uma elegância como uma joia, adornada com suas preciosas jóias. Ela parecia uma boneca de porcelana, vestida com esmero, consciente de que a vida poderia ser efêmera.

Meu pai parecia esculpido em mármore, com feições belas e quase irreais. Enquanto minha mãe se dedicava à magia e à busca por conhecimento, ele era a força bruta, sempre pronto para proteger e defender.

Apesar das diferenças, eles se complementavam perfeitamente. Minha mãe era uma mestra artesã, sempre aprimorando suas habilidades, enquanto meu pai representava a força e a segurança deste lar.

Sentei-me na cama e peguei o retrato, deixando as memórias fluírem. Por um momento, as lembranças da época em que éramos uma família feliz trouxeram um leve conforto, como se a presença dos meus sentimentos recuperados fosse um sinal de que eu poderia encontrar a paz novamente.

O Jovem Soldado(ABO/MPreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora