Capítulo Trinta

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Rol Fisher:

O golem de areia avançou contra mim com fúria, golpeando meu corpo com força e me lançando longe. Caí com violência contra a parede, o ar escapando dos meus pulmões em um gemido doloroso.

Olhei para Tri, que observava a cena com nervosismo. Era evidente em seu rosto o desejo de diminuir o ritmo do duelo, de evitar que eu me machucasse mais. Mas eu havia dito que só pararia quando quisesse, e ela sabia que não deveria se preocupar.

Com dificuldade, levantei-me, limpando o sangue que escorria do meu lábio. O golem já se levantava, pronto para o próximo ataque. Respirei fundo, concentrando-me na energia que fluía dentro de mim. Eu não desistiria. Não agora.

Me levantei com as patas traseiras tremendo e avancei e corri na direção do Golem, mordi seu braço de areia com os meus caninos com bastante força. Mudei para a minha forma humana e chamei minha nova espada que surgiu na minha palma e cravei no peito do oponente. O golem Oscilou, depois se desfez, fazendo com que eu caísse no chão e soltasse uma risada.

Já faz um dia que dispensei o cajado para conjurar meus feitiços e invocar minha magia. A princípio, era estranho canalizar o poder através das minhas partes humana e lupina sem a familiaridade do cajado. Mas, logo, a sensação se tornou libertadora. A magia fluía livremente por meu corpo em ambas as formas, elevando-me a um estado sublime, como se eu estivesse levitando em meio às nuvens.

Sentei-me no chão, exausto, enquanto Tri e Alana corriam para meu lado, ambas com expressões de profunda preocupação. Tri, em especial, parecia devastada. Seus olhos, cheios de angústia, fitavam meu rosto com uma mistura de medo e tristeza.

Meu olhar desviou-se para um canto da sala, onde um cavaleiro, fiel ao Carmuel, observava a cena em silêncio. Seus olhos, carregados de desconfiança, acompanhavam cada movimento meu. Sabia que ele era um espião, um informante que reportaria cada passo meu ao Carmuel.

O cavaleiro narrava tudo que havia presenciado durante meus treinos, exagerando cada detalhe, cada gota de suor, cada grito de dor. Ao terminar, ele dirigiu-se a mim com um olhar de desdém, como se eu fosse um lunático por submeter meu corpo a tal intensidade. Seus olhos então se voltaram para Tri, e por um breve instante, vi em seu rosto uma expressão de desespero que ele rapidamente se esforçou para esconder.

— Rol, acho que podemos descansar um pouco. Ou, se preferir, podemos deixar os treinos para a manhã. — Tri disse enquanto me ajudava a levantar.

Forcei um sorriso.

— Eu acho que não preciso disso. Posso aguentar.

O cavaleiro engasgou alto, como se quisesse protestar, mas logo se calou sob o olhar severo de Tri.

— Não, precisamos parar. — continuei falando, me firmando em pé sem a ajuda dela. — Já definimos o próximo passo.

Alana e Tri trocaram um olhar de preocupação, mas logo se recompuseram e voltaram aos seus lugares. Tri pegou quatro estatuetas ao seu lado e as posicionou em cantos diferentes da sala, duas à minha frente e uma de cada lado. Em seguida, ela pronunciou um comando e as estatuetas cresceram até se transformarem em guerreiros de tamanho natural, armados com espadas e escudos. A pele deles parecia cerâmica vitrificada, e seus movimentos eram mais lentos que os de humanos de verdade. Eram oponentes adequados para principiantes ou para alguém que já estava completamente acabado, mas que não queria admitir.

— Comecem! — Tri gritou, e as estátuas avançaram para o ataque.

Envolvi meu punho em energia mágica e soquei a estátua mais próxima, que foi arremessada para trás contra a parede e se partiu em pedaços. Um a menos.

O Jovem Soldado(ABO/MPreg)Where stories live. Discover now