Capítulo Catorze

1.4K 244 62
                                    

Rol Fisher:

O som da água me acordou abruptamente, uma cacofonia forte e repetitiva, como se estivesse sendo brutalmente arremessada contra algo sólido, sem cessar. Abri os olhos e imediatamente fui atingido por uma série de sensações avassaladoras. Um gosto metálico desagradável preenchia minha boca, enquanto o cheiro de metal impregnava o ar ao meu redor. Uma dor persistente e irritante latejava em minha mão esquerda, como um alerta constante de que algo estava muito errado.

Ao abrir os olhos lentamente, me deparei com a visão de um chão áspero e frio, quase ferrugem, que parecia absorver toda a luminosidade ao seu redor. A única fonte de iluminação era uma única janela redonda na parede, através da qual a lua surgia no céu noturno, lançando uma luz brilhante e distorcida sobre o ambiente sombrio.

O lugar era claustrofóbico, com paredes metálicas que pareciam se fechar sobre mim. O som constante da água batendo contra algo criava uma atmosfera sinistra e inquietante. A sensação de desorientação se intensificou ao perceber que estava sozinho, sem qualquer pista do que havia acontecido ou de como havia parado naquele local desconhecido.

A lua, que surgia na janela, lançava uma luz fantasmagórica sobre o espaço, revelando detalhes sombrios e desconcertantes. O medo começou a se insinuar enquanto eu tentava compreender a natureza do lugar e as circunstâncias que me trouxeram ali.

Ao me sentar, percebi que não estava sozinho. Diante de mim, com as mãos atadas e acorrentadas a um cano, estavam dois garotos. Um deles de cabelos claros, outro de cabelos escuros. Suas roupas estavam rasgadas e exibiam vários hematomas enormes no lado esquerdo do rosto.

Era possível ver onde alguns fios de cabelo tinham sido arrancados, deixando manchas sujas de sangue. Assim que me acomodei, encarei os garotos, e um deles imediatamente começou a chorar. A sala de metal, iluminada pela luz distorcida da lua através da janela redonda, parecia mais sufocante do que nunca.

O choro ecoava no ambiente metálico, amplificando a sensação de desespero que pairava sobre nós. Os olhos dos garotos refletiam a angústia e o horror que haviam vivido, e a visão de suas condições deploráveis me fez engolir em seco.

— Onde estamos? O que aconteceu? — perguntei, mas nenhum deles respondeu. O silêncio era apenas interrompido pelo soluço de choro do garoto mais próximo.

A incerteza se instalou, e o pavor se intensificou ao perceber que estávamos todos presos naquela sala sinistra, sem entender como havíamos chegado ali e o que nos aguardava.

— Pensei... — O garoto que chorava disse entre soluços. — Que eles tinham te matado e jogado aqui para nos apavorar.

— Ultimamente, a morte é melhor do que estar num barco cheio de deuses caídos — O outro garoto disse.

— Que coisa horrível de se dizer — Falei. — Mas estou bem vivo, apenas fiquei inconsciente.

— Eu sei, mas quis dizer... mas não queria ver um corpo morto — o outro garoto disse, limpando o rosto com as mãos atadas. — Eles disseram que vão te sacrificar para ajudar o deus do caos a ressurgir mais rápido.

O outro garoto tentou mover-se em direção ao que parecia ser seu amigo, mas algo o conteve: uma algema de metal no tornozelo fincada no chão.

— Não chore — disse ele, imediatamente ficando tenso.

Não era como se a situação não exigisse lágrimas.

— Está tudo bem, não precisa ficar assim — Falei, tentando acalmá-lo. — Eu sou Rol Fisher, quem são vocês?

O que tinha uma expressão mais séria me olhou por longos segundos antes de responder.

— Owen Manle e Steven Elfiria — Ele disse, e eu o encarei surpreso. — O que foi?

O Jovem Soldado(ABO/MPreg)Where stories live. Discover now