Capítulo Quarenta e Nove

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Rol Fisher:

Eu me sentia como se estivesse flutuando, meu corpo parecia não existir, apenas minha alma sem nenhuma âncora. Sentia-me completamente calado, envolto por um silêncio profundo e impenetrável.

— Acorde, Rol. É hora de acordar. — Havia uma mão gentil em minha testa, uma voz suave chamando-me para fora da longa escuridão ou onde quer que eu estivesse naquele momento.

Por que deveria acordar? Por que devo abandonar essa calma?

Continuei imerso naquela sensação de paz, resistindo ao chamado para retornar à realidade. Cada fibra do meu ser ansiava por permanecer naquele estado de serenidade, onde não havia preocupações, nem dor, apenas um mar de tranquilidade infinita.

— Tem pessoas que precisam de você — novamente a voz disse, atingindo-me como uma flecha. — Não quer voltar para sua família e amigos? Não quer estar com nenhum deles novamente?

O que eu desejo... Quero estar com eles novamente. Quero voltar para o calor de seus abraços e compartilhar momentos preciosos juntos.

Por um tempo, apenas sombras dominaram. Sombras e frio após um longo período de poder e magia. O mundo parecia ter se afastado, deixando para trás lembranças de um lugar radiante e figuras que cintilavam como lâminas sob o sol.

Então, ouvi vozes se despedindo de mim. Reconheci as vozes de Vilma, Manu e Valkar, entre outros. Cada um deles me desejando felicidades. Quando percebi, senti o toque gentil de Manu ao me beijar na testa. Em seguida, outras vozes se juntaram, algumas desconhecidas, mas percebi que eram os antigos líderes, agora libertos.

A mistura de despedida, afeto e esperança encheu meu coração, fazendo-me desejar voltar para aqueles que significavam tanto para mim.

Quando recuperei a consciência, vi-me em um quarto de curandeiros. Santiago estava ao lado da cama, fazendo um cafuné em meus cabelos. Essa cena me encheu de felicidade, e por um momento, senti como se tivesse voltado a uma época anterior, quando tudo era mais simples e reconfortante.

— Pai? — Sussurrei, minha garganta e boca incrivelmente secas.

— Rol! — Ele congelou por alguns segundos e então fui puxado para seus braços. Seus abraços eram fortes e reconfortantes. Pressionei minha cabeça em seu ombro, permitindo-me ser envolvido por seu calor e afeto. Seria uma lembrança que eu guardaria para sempre, preciosa e inesquecível. — Como estava preocupado com você, depois que toda aquela confusão aconteceu, então os monstros sumindo e te encontramos caído no chão e não acordando por nada — ele disse, sua voz embargada pelo choro.

— Como estão todos os outros? Carmuel está bem? — Sussurrei, ignorando a secura da garganta, e fiz uma careta de dor.

— Eu estou bem — uma voz disse, e olhei na direção oposta, vendo Carmuel.

Estávamos em uma pequena sala com duas camas brancas, uma janela na parede deixando entrar a luz do sol. Carmuel estava sentado na cama em frente à minha, vestindo uma camiseta limpa e calças largas diferentes. Alguém me colocou na mesma roupa; todo o meu corpo doía como uma contusão gigante.

— Vejo que finalmente acordou — Carmuel disse, levantando-se. Senti um pouco de dor, então ele me abraçou com força, como se quisesse me transmitir sua energia e apoio.

— As pessoas estão realmente bem? — perguntei calmamente, minha voz trêmula de preocupação. — Imagino que tenha havido inúmeras baixas. Seja sincero comigo.

Carmuel olhou para Santiago por alguns segundos antes de soltar um suspiro carregado de significado.

— Houve perdas em um número pequeno, mas lembra o que meus tios disseram: as algumas pessoas voltaram a vida? Então isso aconteceu aqui — Carmuel disse, e meu queixo caiu diante da notícia. — Já comunicamos meus tios sobre esse ocorrido. Mas sobre outras coisas... Tanto os que voltaram dos mortos quanto aqueles que sobreviveram agora querem a cabeça de Kura e de sua família — Carmuel disse lentamente, e tive que concordar com a seriedade da situação. —As pessoas que a ajudaram com as pedras foram encontradas e serão julgadas também.

O Jovem Soldado(ABO/MPreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora