Eu não vou te perder

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Naruto estava exausto, ao ponto de dormir naquela mesma posição a noite toda e sequer perceber quando alguém de equipe de médicos entrava e saia. Shikamaru se encarregou de cuidar do escritório do hokage naquele dia, já prevendo que o verdadeiro encarregado ficaria impossibilitado por pelo menos algumas horas. Poucos assuntos faziam o Uzumaki abrir mão de suas responsabilidades como kage, mas um deles era Sasuke Uchiha – e nem era a primeira vez que acontecia, o Nara já havia o coberto em outras ocasiões em que se encontrar com Sasuke tinha se tornado prioridade.

No entanto, Shikamaru estava um pouco preocupado e conversou com todas as pessoas possíveis pra que fosse mínimo o número daqueles que sabiam que o nanadaime não estaria trabalhando naquele dia. A verdade era que a população da Vila começava a se dividir quanto a alguns assuntos que envolviam o antigo heroi da quarta guerra e, quanto mais o tempo passava, mais a gratidão e títulos que Naruto tinha recebido caiam no esquecimento das novas gerações.

Katsuo era o centro da maioria das divisões. O mais novo filho do hokage tinha finalmente sido descoberto pelos moradores através de um comunicado oficial e, como esperado, muitas pessoas não tinham gostado das notícias por diversas razões. Uns diziam que a presença do menino colocaria a Vila em risco, outros se questionavam como poderiam aceitar um experimento de Orochimaru que um dia foi responsável pela ruína de Konoha.

Os mais conservadores diziam que dois homens não podiam criar uma criança ou que não podiam fazê-lo enquanto eram casados com outras pessoas. Ninjas mais antigos começavam a retomar problemas do passado, questionando se os genes Uchiha do garoto não poderiam ser um problema ou mesmo se sua permanência com Sasuke era benéfica. A absolvição que não fora questionada em mais de uma década, passou a ter seus opositores. Por último, existia um grupo que sequer aceitava a criança como um igual, já que era gerada num laboratório.

E tudo isso no âmbito público, já que o assunto ainda não tinha sido discutido entre kages ou mesmo com o senhor feudal do país do fogo. Talvez os problemas podiam ainda aumentar e existia o risco de a opinião pública sobre o assunto se tornar de cada vez mais insatisfação. Os problemas eram tantos que Shikamaru os segurava ao máximo antes de incomodar Naruto e este, por sua vez, não contava quase nada a Sasuke, com medo de que ele quisesse tomar a culpa pra si e se afastar.

"É... Todo dia mais problemas pra resolver" - Shikamaru passou pelo hospital rapidamente antes de ir pro trabalho, descobrindo que a situação por lá era basicamente a mesma e que Naruto sequer tinha saído do quarto. Suspirou, já do lado de fora, encarando as nuvens passarem - "Mendokuse"


Ainda era bem cedo quando Sasuke começou a recobrar os sentidos. Seus olhos abriram devagar e tudo que viram foi a imensidão branca do teto. Por causa dos sintomas e medicamentos estava um pouco zonzo e confuso, mas sua memória sobre o acontecido não era falha. Ele sabia bem o que tinha acontecido, não era a primeira vez, embora nunca tivesse parado no hospital antes.

Demorou alguns segundos até que sua visão se acostumasse ao branco claro do quarto e que sua cabeça colocasse tudo no lugar sobre onde estava. Seu corpo parecia um tanto pesado e cansado, mas não tinha mais nenhuma dor forte ou coisa do tipo, já se sentia bem melhor que no dia anterior. E foi ao tirar os olhos do teto que Sasuke percebeu que não estava sozinho e que parte do peso que sentia sobre o corpo era literalmente o peso de alguém.

"Naruto?" - sua voz saiu um tanto fraca e rouca, mas ainda deixando toda sua surpresa aparente. Não esperava estar na companhia dele, menos ainda que estivesse assim tão próximo. Pela forma como dormia, dava pra ver que tinha passado a noite por ali, mesmo sendo desconfortável.

A pequena fala do Uchiha foi suficiente pra tirar o loiro de seu sono que era profundo (mas não o bastante pra ignorar a voz que mais queria ouvir naquele momento). Naruto se levantou confuso, reclamando da dor no pescoço antes mesmo de abrir os olhos, demorando pra se tocar de onde estava ou que tipo de reação deveria ter.

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