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 Naruto encarava o céu em silêncio, prestando uma falsa atenção às nuvens. Seus olhos estavam naqueles pedacinhos brancos do céu, mas sua cabeça estava bem longe. Seus pensamentos estavam todos naquela pessoa que guardava com cuidado junto do peito, que acariciava levemente e que o coração ainda batia forte. O clima era estranho e então o silêncio se tornava agradável, propício pra pensar melhor.

Sasuke não dizia nada, estava apenas tentando se acalmar enquanto segurava a camiseta de Naruto com força e se concentrava em seu perfume. Estar perto dele era a forma mais fácil de voltar a estar perto da paz, estar completo. Estava um pouco envergonhado por ter se mostrado naquele estado péssimo na frente do Uzumaki, mas ainda estava muito frágil pra pensar direito e questionar as próprias escolhas.

Os olhos do hokage sairam das nuvens e foram ao encontro dos nomes gravados nas lápides pouco a frente. Sequer tinha conhecido Mikoto e Fugaku, não tinha nenhuma ideia de quem ou como eles eram além das poucas palavras que Sasuke já havia lhe dito, mas, ainda assim, sentia-se na obrigação de mentalmente se apresentar a eles e se desculpar por aparecer por ali sem nenhuma introdução ou convite. Ele sabia como ninguém como a saudade doía e então se sentia responsável por acalentar aquele outro que sofria da mesma dor.

Mas a saudade não era a única dor por ali. Naruto não imaginaria ouvir aquela súplica tão desesperada vinda do Uchiha, nunca. Logo ele, que sempre cumprira o papel de força, que era conhecido pela calma e capacidade de permanecer racional mesmo no meio de alguma missao complicada. Até aquele dia ele parecia tão calmo, esperançoso, mais concentrado e conformado que o próprio. Tudo era então mais uma de suas máscaras pra esconder o medo e o pavor. Naruto se culpava por não ter percebido antes e, ao mesmo tempo, por ser tão inútil naquela situação. O que podia fazer? Tinha jurado protegê-lo e recuperar a saúde perdida mas ainda não tinha encontrado uma saída sequer. Algo lhe dizia que o tratamento de Tsunade não seria suficiente e então? Se repreendia por nunca ter aprendido medicina ninja e pensava se seria capaz de aprender o suficiente em tempo hábil. Era provável que não.

Mas agora, depois de ouvir o que tinha ouvido, seria impossível abandoná-lo a própria dor e desespero. Tinha que encontrar um meio. Não existia a opção desistir, a opção do final óbvio. Não permitiria que ele morresse, tinha que se certificar disso. E, enquanto seu olhar voltava a pairar no rosto delicado e fragilizado do moreno, as opções extremas passavam por sua mente outra vez. Precisava torcer pra que Orochimaru tivesse uma saída.

"Por que veio pra cá?" - Sasuke rompeu o silêncio depois de longos minutos calado, desviando do assunto óbvio e preferindo não falar sobre si mesmo, sem se afastar. Normalmente ele retomaria sua postura, mas ainda estava perdido demais, era incapaz de sair daquele abraço que parecia ser sua única fonte de segurança - "Deveria estar trabalhando"

"Eu só... Senti que tinha algo de errado" - Naruto respondeu, tentando parecer menos nervoso e assustado. Desde muito novo ele tinha essas sensações ruins quando algo acontecia ao Uchiha, talvez só fosse sua ligação muito forte com ele, talvez alguma ajuda de seus chakras sensitivos, não tinha certeza - "Eu deixei um clone trabalhando, então não se preocupe"

"Como soube onde eu estava?" - questionou, pensando em algumas possibilidades. Aquele era um lugar bem diferente, não era como se fosse um destino óbvio

"Eu senti seu chakra" - mesmo que nunca contasse pra ninguém, Naruto tinha a mania de se colocar no modo sábio algumas vezes, quando queria descobrir sobre alguém, Sasuke em especial. Ele sempre fazia isso quando o Uchiha estava fora de Konoha, tentando notar se estava tudo bem com ele e se estava por perto ou muito longe. Não era tão difícil. O loiro sorriu de leve como se quisesse dispersar os resquícios do clima terrível de antes e passou a mão pelas bochechas molhadas do outro com carinho, se livrando dos rastros que as lágrimas de antes tinham deixado - "Está se sentindo melhor?"

ImprevisívelWhere stories live. Discover now