Visita de família

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"Arrependido por não ter aproveitado o timing do beijo?" - Kurama fez a pergunta provocativa e ácida enquanto Naruto caminhava devagar pelas ruas.

O loiro torceu o nariz e não respondeu. Na verdade, ele ate tinha sonhado com o tal beijo e quase fez com que acontecesse, mas além do clima não ser tão favorável, seu momento foi interrompido pela equipe médica que queria examinar Sasuke outra vez. Acabou sendo 'dispensado' do quarto e pensou em voltar mais tarde levando Katsuo consigo.

"Kurama" - Naruto encarava os próprios pés, sem pressa nos passos perdidos, com uma postura retraída e preocupada que não lhe era costumeira - "Eu pareci muito patético? Foi uma declaração muito ruim?"

"Você sempre foi patético, pirralho" - a raposa retrucou, rindo da expressão irritada que recebeu em seguida. Então o grandíssimo nanadaime hokage estava preocupado se a declaração de seus sentimentos tinha sido suficiente ou não... Era cômico - "Não, não foi muito ruim, embora você tenha assustado o garoto"

"Ah, você acha?" - agora ele parecia em pânico, repensando seus atos e palavras - "Será que eu estraguei tudo? E se ele nem acreditou? E se eu pareci um maluco falando isso do nada?" - Naruto tinha o rosto avermelhado e os olhos não paravam, inquietos. Paralisou no meio da rua, como se tivesse uma nova ideia fantástica, mas que por sua expressão parecia mais algum susto - "Kurama... E se o Sasuke nem gosta de mim?"

"Deixe de ser tapado, Naruto" - kyuubi o respondia com irritação por aquele seu jeito bobo e que não entendia as situações direito - "Está tudo escrito na cara dele"

"Está dizendo isso só pra me agradar"

"E desde quando eu quero te agradar, hein? Qualquer um sabe que vocês dois estão enrolando há anos"

Naruto suspirou, voltando a caminhar em seguida. Aquela explosão de sentimentos tinha surgido num momento não favorável e ele não tinha certeza se tinha feito o certo sobre contar o que sentia daquela forma – por vários motivos. Primeiro porque não tinha se planejado pra isso e pareceu apressado, depois porque tecnicamente ainda era casado com Hinata e não queria magoá-la. Nem Sakura, que era sua melhor amiga e casada com o cara pra quem tinha acabado de se declarar.

Ao mesmo tempo, sentia como se um peso tivesse sido tirado de seus ombros, uma sensação que estranhava por nunca ter esperado. Aquela pequena frase tinha ficado entalada em sua garganta por tantos anos, não conseguia contar quantas vezes ensaiou dizer um 'eu te amo' antes mas foi incapaz, até que acabaram separados de vez.

Precisou de um momento desesperador pra ter coragem de colocar seus sentimentos pra fora. E desesperado nem era uma palavra que expressava tudo que sentia, na verdade ele estava além disso. É famoso o dizer que só "se percebe que ama quando está prestes a perder", se lembrava de algo do tipo. Já tinha percebido o amor antes, mas pensar na perda o tornava desesperado por colocar o sentimento pra fora.

Como foi no passado, quando escondeu os 'eu te amo' que queria dizer em declarações de amizade.

"Oi" - Kurama não resistiu ao silêncio, reaparecendo com certa preocupação. O rosto de Naruto era péssimo, deixava estampado o quanto estava arrasado e confuso, o que acabava alarmando as pessoas que passavam por ele - "Quer falar sobre isso?" - no fim, a raposa era a única confidente que o loiro podia ter àquela altura, quando não podia exatamente compartilhar os pensamentos e sentimentos com os melhores amigos ou esposa.

Várias questões pesavam em seu peito. A primeira delas era, com certeza, como reverteria o quadro da doença do Uchiha que aparentemente tinha sido herdada de sua família. Não teve tempo pra questioná-lo sobre desde quando sabia sobre estar doente, nem quais eram os outros sintomas, e as vezes achava até melhor não saber. Tinha medo de qual seria sua reação ao descobrir tudo.

ImprevisívelWhere stories live. Discover now