02. AMELIA FENG

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Assim como meu pai avisou, na segunda-feira de manhã Charles aparece no hotel com a missão de me levar até o meu novo colégio, um internato localizado no interior do condado

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Assim como meu pai avisou, na segunda-feira de manhã Charles aparece no hotel com a missão de me levar até o meu novo colégio, um internato localizado no interior do condado.

Sem vontade alguma de gastar horas em uma viagem de carro comigo quando pode gastar esse tempo com algo mais produtivo (palavras dela), minha mãe se despede de mim no hotel com um beijo estalado no rosto e o aviso de que tenho de dar o meu melhor, quase como se estivesse indo para a guerra.

No carro, o sentimento de nervoso me toma. Internatos são instituições que, na minha vida suburbana de Londres, pareciam pertencer a uma realidade paralela. Nunca passou pela minha cabeça sequer cogitar frequentar um, ainda mais em um país diferente. E se tudo o que eu tiver aprendido na Inglaterra não me ajudar em nada? E se o conteúdo for diferente? E se eu não conseguir me encaixar porque claramente sou um impostor no meio de jovens de família rica?

Quando Charles me entregou três versões de um uniforme escolar com um emblema em que se podia ler o nome Instituto Alewood Hills, tomei liberdade de pesquisar a respeito do colégio e foi quando descobri ser um dos mais caros do país e o colégio onde boa parte dos filhos dos nobres de Orion estudou, como o meu irmão mais velho. Sinceramente, tenho motivos de sobra para não conseguir prestar atenção quando saímos de Dominique para o interior. Os detalhes da viagem me passam completamente despercebido e só volto a perceber as coisas ao meu redor quando chegamos em uma cidadezinha onde o grande destaque é uma construção solitário com enormes muros de tijolos vermelhos.

"Estamos chegando, milorde", são as primeiras palavras de Charles desde que entramos no carro.

Eu me empertigo no banco de trás do veículo, inclinando-me com a intenção de olhar melhor para a construção. Ela tem portões de ferro com o mesmo emblema da insígnia em meus uniformes e uma guarita repleta de homens de preto, para a qual o carro segue e para.

Por um breve momento, fico ainda mais tenso. Um dos homens de preto se aproxima da janela do motorista e ele a baixa, mas Charles apenas fala uma única frase e nossa passagem é liberada:

"Estamos com o aluno novo. Henry Durkheim".

É estranho me associar a esse nome. Durante boa parte da minha vida, fui apenas Henry Smith e não costumava ter o nome do meu pai na certidão de nascimento, porque ele era estrangeiro e não residia conosco. Minha mãe achou mais prático simplesmente me registrar sem pai. Mas, depois que tudo veio à tona, Durkheim foi acrescentado como meu segundo sobrenome e George Durkheim passou a preencher o espaço outrora em branco da minha certidão. Uma loucura.

Quando os portões de ferro se abrem e permitem nossa passagem, perco o fôlego. A propriedade é ainda maior por dentro, com um extenso gramado verdinho e uma estrada de paralelepípedo que leva em direção a um grande prédio de dois andares acima do térreo, com fachada marrom.

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