SOBRE UM FALSO LORDE E A PRINCESA DE GELO [COMPLETO]

04. APRESENTAÇÃO FORMAL

Minha primeira semana como aluno do Instituto Alewood Hills passa em um piscar de olhos e sem grandes acontecimentos, exceto pelo meu encontro desconfortável com a famosa megera do colégio e um final de semana regado a infrações na pequena cidade de Northenrose, onde o campus da Alewood se localiza.

Como não pude voltar para a capital e Joe também ficaria no colégio durante o final de semana, assim como Dylan, Yibo e Zed, os garotos sugeriram de me mostrar a cidade no sábado à noite. Com essa ideia em mente, pedimos passes na secretaria para sair do campus e passeamos pelas ruas quase desertas de Northenrose.

Não havia nada de relevante para me mostrar. A cidade poderia facilmente ser fantasma se não fosse pelas luzes acesas nas poucas casas e estabelecimentos ou pelos transeuntes que passavam uma vez a cada meia hora. Por isso, Dylan achou que seria bom me levar ao único lugar "bacana" da cidade, que consistia em um bar. Nenhum de nós era de maior em Orion e poderia beber legalmente, mas o dono do Flor de Lotus não parecia se importar com idade se a pessoa tivesse como pagar. Resultado: descobri que tenho baixa intolerância a álcool e que ressaca existe de verdade e não é só uma invenção dramática dos filmes de comédia romântica, o que me fez passar o domingo todo deitado em posição fetal na cama do dormitório.

Mesmo agora, segunda pela manhã, ainda sinto resquícios da dor de cabeça que me acometeu ontem, ao ponto de quase não abrir os olhos. Por isso, prometo a mim mesmo que nunca mais vou beber, não importa o quão persuasivos possam ser os meus novos colegas.

"Você ainda parece péssimo", Joe comenta, assim que saio do banheiro com uma toalha em volta da cintura e o cabelo pingando água.

Ele já está terminando de colocar o uniforme, então me apresso em pegar o meu no armário e voltar ao banheiro para vesti-lo. Três minutos depois, saio outra vez e falo enquanto enxugo meu cabelo com a toalha:

"Quanto tempo uma ressaca costuma durar?".

Ele ri.

"Ainda não acredito que foi o seu primeiro porre. Sinto como se fosse a má influência que te leva para o lado sombrio da força".

"É sério", insisto, ignorando o seu comentário. "Quanto tempo dura?".

Joe dá de ombros.

"Não muito, se você souber como curar. Felizmente, eu sei, então pedi para a Bea te preparar chá de gengibre. É certeiro".

"Hum".

Seria inteligente da minha parte desconfiar de toda e qualquer bebida oferecida por Joseph ou um de seus amigos daqui pra frente, mas eu estou desesperado o suficiente para acreditar que o chá aliviará a sensação ruim, então não falo nada a respeito. E eu sequer gosto de chá.

"Você está pronto?", ele pergunta.

Meu cabelo ainda está úmido e minha gravata pende solta ao redor do pescoço, porém assinto. Já estamos atrasados e ficaremos com o que ninguém quer do café-da-manhã, mas se demorarmos um pouco mais acabaremos sem nada e eu não posso me dar ao luxo de enfrentar uma manhã inteira de aulas com o estômago vazio.