28. ACEITAR O SEU PAPEL

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Carrie me observa com uma expressão cética, mas que beira o início de uma cólera

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Carrie me observa com uma expressão cética, mas que beira o início de uma cólera.

"Você é mesmo um caso perdido, Henry. Para o azar do seu maldito pai, eu te eduquei bem até demais".

Para azar meu também, pelo visto.

"Eu só não quero tornar as coisas mais difíceis do que já são", retruco, defendendo-me.

É mais uma de nossas conversas em que ela tenta me convencer a "lutar pelo que é meu". Mais uma das conversas das quais vinha fugindo com bastante sucesso desde que as férias de inverno começaram. Porém, é claro que, uma hora ou outra, ela me encontraria de guarda baixa e daria um jeito de tocar no assunto. Avisá-la de que sairia mais cedo para a casa do meu pai, porque Sara gostaria que eu experimentasse o meu novo smoking para o baile, foi a chance perfeita.

Carrie torceu o nariz sobre eu gostar da minha madrasta e demonstrou escárnio quando lhe disse que Sara, aparentemente, gosta de mim também. Fez questão de me lembrar que sou o filho da "amante" e que, não importa o quanto tente, só estou aqui para ser usado nos planos do meu pai.

"Não buscar manter o seu bem-estar de agora é que vai tornar as coisas difíceis. Acha mesmo que essas pessoas vão cuidar de você se George lhe faltar de novo?".

"Eu vivi dezoito anos da minha vida muito bem sem os recursos do meu pai", retruco.

Estou cansado desse bate-boca que nunca vai a lugar algum e tento evidenciar isso ao me locomover pelo quarto, juntando alguns pertences em uma mala. Minha mãe, porém, parece só ter começado:

"Você não pensa mesmo em tudo o que perdemos por causa do seu pai? Cobrar isso dele é o mínimo, Henry".

"Eu não vim para cá pelo dinheiro".

"Sim, veio por um pai que não se importa", ela toca na ferida e pressiona sal nela.

Eu largo uma camisa dentro da bolsa e a olho mais sério do que normalmente faria, o que Carrie percebe, pois recua de sua pose de ataque um pouco.

"Posso te fazer uma pergunta, mãe?".

"O que é?".

"Arrancar o dinheiro do meu pai vai mesmo consertar o coração que ele te partiu?".

Há um momento de silêncio entre nós que parece durar séculos, mas são apenas segundos. Mamãe me olha com suas írises cor de caramelo até elas serem tomadas por água, que é quando Carrie desvia o olhar e se vira, caminhando até a varanda e se apoiando na amurada.

Tenho total consciência de que, dessa vez, fui eu quem jogou sal na sua ferida. Mas eram palavras que queimavam em minha garganta toda vez que mamãe exibia a sua amargura em forma de ganância. É seu modo de querer se vingar, mas também de chamar a atenção.

SOBRE UM FALSO LORDE E A PRINCESA DE GELO [COMPLETO] Onde histórias criam vida. Descubra agora