20. ESCLARECIMENTO

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Uma vez participei de uma palestra ministrada por uma psicóloga especializada em Gestalt-terapia, a qual dizia que as necessidades movem as pessoas

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Uma vez participei de uma palestra ministrada por uma psicóloga especializada em Gestalt-terapia, a qual dizia que as necessidades movem as pessoas. Elas fazem com que busquemos satisfazê-las e, ao fazê-lo, fechamos ciclos de nossas vidas. Porém, quando não satisfazemos a necessidade em questão, seja por medo de tentar ou por escolher não a satisfazer, o que resta é a frustração. E a frustração causa sofrimento; amargura.

Ter escolhido dar as costas para Henry naquele dia foi a causa da minha frustração. Beijá-lo agora, agarrando a última chance que ele me deu com todas as forças, é a satisfação da minha necessidade mais recente. O fechamento do ciclo, mesmo que também signifique a abertura de outro envolvendo os meus avós que, por ora, quero ignorar.

É estranho ter beijado esse garoto apenas uma vez e ter sido a coisa da qual mais senti falta?

Naquela noite do jantar fatídico, foi como se explorássemos um ao outro. Mas agora, por já nos conhecermos, é mais como um reencontro após um tempo imensurável de espera. Assim como me agarro a Henry ao colocar minhas mãos em sua nuca, ele faz o mesmo ao me trazer para mais perto de si pela cintura. Ao nosso redor, a neve continua a cair e o frio é intenso, mas, para mim, é como se uma capa protetora e quente houvesse sido posta ao nosso redor. Não há mais nada no mundo, além de Henry e das sensações que ele me causa. Algo que se perdura por um espaço de tempo que é finito e infinito ao mesmo tempo, quando necessitamos de fôlego e então separamos nossas bocas e nos entreolhamos em silêncio, ambos ofegantes.

"Você se tornou uma garota ousada longe de mim, Amelia Feng", Henry soa, ao mesmo tempo, surpreso e admirado. Já eu, rio pela primeira vez em muito tempo, mas é de nervoso. Sob seu olhar, sinto o meu rosto esquentar. "Espero que sua atitude tenha significado o que penso que significou. Admito que sou uma pessoa facilmente manipulável em se tratando de você, porém também não quero quebrar a cara de novo", ele volta a falar sério, o que me traz novamente a sensação incômoda de ter o machucado.

"Eu sei que tem motivo de sobra para duvidar", acabo falando. "Nada do que eu disser a respeito da decisão que tomei naquele dia justificará, então apenas responderei a sua pergunta quantas vezes achar necessário", respiro fundo, erguendo olhar e então encontrando as órbitas escuras de Henry me fitando: "Eu gosto de você. Mais do que pensei que um dia poderia gostar de alguém, Henry Durkheim".

O lorde absorve a resposta em silêncio, ainda me fitando demoradamente e me deixando revirar em ansiedade. Aos poucos, porém, um sorriso se abre em sua boca e ele me puxa para seus braços, afundando o rosto na curva do meu pescoço.

"Para mim, isso basta", o lorde diz. "O que aconteceu me magoou, mas sei que deve ter te magoado também. O fato de você ser tão dura consigo mesma me impede de tentar ser duro com você também, porque sei que, seja lá a justificativa existente para aquele dia, você sofreu ao tomar aquela decisão. Portanto, agora vamos começar de novo e entrar no instituto. Não queremos congelar aqui, com essa neve caindo sobre nós".

SOBRE UM FALSO LORDE E A PRINCESA DE GELO [COMPLETO] Onde histórias criam vida. Descubra agora