03. CONFIANÇA

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"Você está se adaptando bem sem o Cepheus, não está?", minha avó questiona em seu tom mais amável

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"Você está se adaptando bem sem o Cepheus, não está?", minha avó questiona em seu tom mais amável.

"Uhum", minha resposta é quase um resmungo, mas é o máximo que posso fazer sem me entregar.

Parece fazer séculos desde o momento em que nós duas nos despedimos no domingo, quando ela me trouxe para o campus da Alewood Hills de novo. Mas, na verdade, passaram-se apenas três dias. Já é quarta-feira à noite, mas para mim isso é um ainda. O tempo no colégio passa mais lentamente. Seguir a rotina das aulas é monótono e quase um castigo. Se não fosse o fato de faltar tão pouco para a formatura e de eu já ter suportando tanto até aqui, faria de tudo para voltar a ter aulas em casa desde o momento em que Cepheus, meu primo e único amigo, chegou em mim com olhos culpados para falar que mudaria de colégio no último semestre simplesmente porque se apaixonou. É, se apaixonou. E, de acordo com ele, o fato de seu "amor" estar em uma cidade diferente e de os dois se encontrarem apenas ocasionalmente era torturante demais para seu coração apaixonado. Um grande traíra, é o que ele é.

"O que foi, Amelia?", vovó questiona. "Por acaso tem alguém a incomodando?".

"Não".

Se ignorarmos o fato de que todos do colégio falam de mim pelas costas eu não estarei mentindo.

"Então por que parece tão abatida? Sabe que pode me falar tudo, Amelia. Sempre cuidarei de você".

"Eu sei". Mas talvez sua tentativa de me ajudar só acabe piorando as coisas. "Só estou cansada".

"Tem certeza?".

"Absoluta", murmuro, e depois, porque sei que se eu não mudar de assunto ela vai insistir cada vez mais nisso, pergunto: "Como anda aquele assunto de parceria para a construção do fundo de investimentos na educação pública de Orion? O vovô vai mesmo se aliar com o rei?".

"Isso eu ainda não sei, mas nós fomos convidados para um jantar no palácio".

"Nós fomos?", eu não consigo deixar de evitar o meu tom de surpresa. "Pensei que as relações entre nós fossem ser apenas profissionais, apesar do convite para a inauguração daquele restaurante no mês passado".

"Acho que a estratégia do jovem rei é tentar ser o mais amigável possível conosco para tentar nos fazer esquecer do passado na hora de realizarmos a nossa doação", vovó desdenha.

Acontece que a família real de Orion, os Greenhunter, são inimigos de longa data da minha família, os Feng. Antes de Timotheo Greenhunter I sequer cogitar se autodeclarar um rei, a ilha de Orion pertencia a dois clãs: os Kun e os Feng. Com a colonização da ilha por parte da Bretanha, os dois clãs perderam tudo, mas os Kun conseguiram reconquistar a ilha através da última pessoa viva de seu clã. O problema é que essa pessoa não devolveu para a minha família o que a nós pertencia. Ela ficou com tudo e entregou o tudo aos nossos inimigos. Depois disso, tentou remediar a situação com um casamento. Propôs que seu filho mais velho e futuro rei se casasse com a tia-avó da minha avó, mas o rei em questão fez com que minha antepassada fosse acusada de traição e morta por isso em uma das últimas sentenças que um rei pôde dar antes da reconstituição pós-segunda guerra dos poderes destituídos aos monarcas de Orion.

SOBRE UM FALSO LORDE E A PRINCESA DE GELO [COMPLETO] Onde histórias criam vida. Descubra agora