06. AMIGOS

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Corto a panqueca no meu prato em vários pedacinhos aparentemente iguais, apenas para evitar de devanear outra vez sobre a noite de ontem

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Corto a panqueca no meu prato em vários pedacinhos aparentemente iguais, apenas para evitar de devanear outra vez sobre a noite de ontem. Mas nem mesmo uma tarefa que exige tamanha concentração me impede de lembrar do momento exato em que Henry me perguntou se nós dois somos amigos e eu, tolamente, assenti em um sim. Depois disso, o novato sorriu outra vez e ergueu uma mão na minha direção.

"Por que isso?", eu perguntei, mesmo sabendo qual era a sua intenção.

"Pessoas apertam as mãos umas das outras quando se cumprimentam e quando fecham acordos. Nossa amizade é como um acordo", ele pacientemente explicou. "Vou ser honesto com você e te fazer rir. Em troca, não seja fria outra vez comigo, mesmo quando perceber que sou o amigo mais idiota que poderia ter arranjado".

Suas palavras me fizeram desejar voltar atrás, mas a maneira como Henry me olhou me impediu. Os seus olhos eram escuros, mas também eram os mais brilhantes que já havia encarado.

"Eu posso concordar com o acordo, mas não quero apertar a sua mão", respondi.

Henry pareceu momentaneamente desconcertado.

"E por que não?".

Porque eu nem lembro qual foi a última vez que toquei alguém que não fosse um Feng sem usar luvas.

"Porque...", balbuciei, tentando encontrar uma desculpa.

Mas antes que processasse algo, Henry deu um passo à frente e pegou minha mão esquerda com a sua direita. A minha mão com mais manchas vermelhas, as quais ele observou por um momento, mas depois simplesmente me encarou e sorriu.

"Somos amigos agora, Amelia Feng", ele afirmou.

Depois disso, afastou-se soltando minha mão aos poucos e acenou, indo embora em seguida e me deixando a pensar várias e várias vezes sobre esse momento. Ele realmente não pensava como os outros a respeito das minhas marcas?

"Ei, aonde você vai?", saio dos meus devaneios ao ouvir a voz conhecida de Joseph Black, da minha turma, questionar.

"Vou tomar café-da-manhã com uma amiga. Depois eu almoço com você e os outros", outra voz ainda mais conhecida o respondeu, a de Henry Durkheim.

Os dois rapazes estavam parados, ambos de pé e com bandejas em mãos, bem ao lado da mesa onde fazem suas refeições. No entanto, diferente de todos os dias em que os dois sempre comem junto do grupo que fazem parte, dessa vez Henry se afasta de Joseph e da mesa e passa a simplesmente vir na minha direção, deixando-me tensa.

"Que amiga?", o meu cérebro ainda consegue captar essa pergunta de Joseph, mas o seu foco está quase todo em Henry e no fato de que ele está vindo até mim, o que chama atenção o suficiente para que eu me encolha na cadeira e queira desaparecer em um passe de mágica. Que droga ele pensa que está fazendo? Refeições conjuntas não faziam parte do acordo!

SOBRE UM FALSO LORDE E A PRINCESA DE GELO [COMPLETO] Where stories live. Discover now