[Este é o quarto livro da série sobre a realeza de Orion, mas pode ser lido individualmente]
Henry nunca soube muito sobre o pai, até que, através de um grande furo de fofoca que roda os principais meios de comunicação, ele descobre a razão disso: G...
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A mudança de Cassie vem a calhar. Com ela ocupando o espaço do silêncio deixado por vovó e eu, o clima ruim entre nós duas se torna suportável. Acontece que mesmo me encontrando a todo momento, Yan An não me dirige a palavra ou sequer algum olhar que não contenha o seu julgamento silencioso, então decido imitá-la. Mesmo quando vovô volta de Morfeu e fica ciente dos últimos acontecimentos, as coisas não melhoram na nossa relação e cada refeição se torna um campo minado contido pela santa Cassiopeia.
Agora mesmo, enquanto tomamos café da manhã, Cassie preenche o silêncio com uma conversa quase diplomática com vovô, sobre seus planos de fazer um intercâmbio para "tornar seu currículo o mais completo possível". Como se ela precisasse se preocupar com currículo quando ganhará o cargo de duquesa no futuro de qualquer jeito.
"Estou feliz com a sua aproximação do Ryan, Cassiopeia. Ele é um rapaz excelente", para minha prima, a voz de Yan An é como mel. Ela sorri em aprovação escancarada, o que, obviamente, todo mundo percebe.
"Admito que o Ryan é um amigo muito atencioso", Cassie responde, dando ênfase no que o Hastings é para ela.
Mas vovó não parece levá-la a sério. Ela é uma caçadora de casamentos prestigiosos, que ainda atormentará Cassiopeia até que ela esteja com uma aliança no dedo. Por esse lado, estou feliz de ser a "decepção" e de não ter mais que comparecer a encontros às cegas. Todos os possíveis pretendentes aprovados por vovó sempre foram um saco para mim, não chegando a ser ⅕ do Henry. Mas não que eu vá falar isso para ele um dia e cultivar o seu ego já enorme.
"Falando em amigos atenciosos", vovô chama a atenção para si ao falar. "Quando nós iremos conhecer o seu, Amelia? O tal lorde Henry, o britânico", ele enfatiza a última palavra como quem cospe um xingamento. Vovô pode não ter vivido a época colonial, mas ouviu histórias de seu próprio avô que o fazem odiar aqueles que invadiram nossas terras. Um discurso justificável, mas não quando direcionado a quem não teve culpa alguma, como Henry.
Eu tento não me sentir ofendida por ele, apesar de segurar os talheres com uma força maior que a necessária. Tento sorrir.
"É só marcar e então ele virá".
"O Henry é um rapaz muito atencioso", é Cassiopeia quem diz isso, o que faz vovó bufar e vovô olhá-la com curiosidade.
"Espero que seja ambicioso também. De nada vale qualquer outra qualidade, se não tiver sede pela conquista. O que ele pretende fazer após o fim do colégio?".
"Eu não sei", de repente, dou-me conta de que Henry e eu nunca falamos sobre isso e a questão me deixa um pouco tensa. Ele já mencionou ter motivos para não querer ir embora de Orion, mas nunca o que faria após o fim do ensino médio.
Feng Hue deixa claro o seu desagrado ao manter os lábios em uma linha fina e os olhos escuros estreitos. Já vovó, ela sorri. Um sorriso que praticamente grita um "eu te avisei". Como se eu não saber disso condenasse a minha relação com Henry. É necessário muito autocontrole para não revirar os olhos.