O cheiro da poção

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Capítulo 20: O cheiro da poção.

—Não consegue dormir?

—Não.

—Quer que eu te faça uma poção?

—Prefiro continuar vivendo.

—Bem engraçado, idiota! — Suspirou — Você sabe o que tem que fazer.

—Hm.. e o que seria?

—Desabafar. Você precisa falar sobre o que aconteceu.

—Nós já conversamos sobre isso.

Harry riu. Lembrando-se da reação do colega de quarto ao chegar.

Foram dias ruins, de fato. Primeiro, Tom teve um surto de raiva que — incrivelmente — afetou o outro bem menos que o normal. Quando percebeu que aquilo não estava surtindo efeito, passou a ignorar o colega, o que também não durou assim tanto tempo. A relação deles entrou num momento esquisito, ninguém sabendo muito bem como reagir a tudo que ocorrera e tratando-se numa postura para lá de blasé. Até que, por fim, ignoraram aquela bagunça, voltando a se falar aos pouquinhos.

—Não, não conversamos. Você me ameaçou, me ignorou por três dias e ficou extremamente estranho comigo por um tempo.

—E você quer ainda mais conversa?

—Quero que fale sobre seus sentimentos.

—Eu nunca precisei disso. Eu sempre soube lidar com tudo sozinho… não é porque você tá aqui que eu precise…

—... Não estou dizendo que não sabe se virar. Estou dizendo que pode contar comigo.

—Como vou saber? Como vou saber que não vai me trair?

—Eu realmente não ligo para essa sua história de poder, não tem motivos para eu te trair.

—Então por que está aqui comigo?

—Porque sim, te acho legal. Apenas isso.

—...

—...

—Continua sendo estranho o fato de que você sempre intervém nos meus assuntos. É sempre você quem está lá, seja na Câmara Secreta, na Sonserina, ou agora me controlando com meus pais. Qual seu grande objetivo nisso? — Bufou, levando os braços ao alto. — Já disse que você parece estar sempre no local certo e na hora certa?

—Eu só não quero que faça algo de que vá se arrepender depois. — Respondeu, ignorando as acusações.

—Como sabe que eu me arrependeria de ter matado eles?

—Eu sei… mas quero que se torne um assassino.

—E se eu já for um? E se… e se eu tiver nascido para ser um?

O moreno de óculos suspirou, pulando pesadamente na cama do amigo. Tom estava sentado com as costas apoiadas na cabeceira, fitando o mundo daquela forma vazia que irritava bastante ao outro. Ele vinha tomando atitudes perdidas como aquela constantemente nos últimos dias.

Fazia cerca de duas semanas desde o encontro com a família do sonserino. O orfanato Wool recebera uma doação muito generosa e Tom, especialmente, ganhou roupas novas e bonitas, uma cama extremamente confortável e uma cômoda. Harry também havia sido agraciado com roupas novas e internamente agradecia muito a Tom Riddle Sênior por lembrar de si.

Óbvio que isso gerara uma briga sem precedentes entre os meninos, mas no fim, Harry o convenceu a aceitar o pouquíssimo luxo que era seu por direito.

Pela primeira vez...Where stories live. Discover now