A verdade

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Capítulo 25: A verdade

Não se lembrava mais há quanto tempo estava preso naquela sala, só sabia que todo o seu corpo doía e queria sair correndo o mais rapidamente possível.

Nos últimos dias, havia um ataque a cada hora. O esquema montado por Slughorn e Riddle funcionava bem, menos alunos sonserinos estavam parando nas enfermarias, mas em compensação, os amigos de Tom se divertiam atacando as outras casas e justificando uma legítima defesa. Dippet estava cansado de fazer reuniões e pedir paz, e Dumbledore parecia muito preocupado com os ataques de Grindelwald para se preocupar com meia dúzia de alunos se engalfinhando nos corredores.

Mas no fim, o que sobrava a Harry era raiva. Odiava Tom. Muito. Odiava Tom por tê-lo beijado, bagunçado seus sentimentos, por ter preferido o Malfoy a si… e, claro, por tê-lo enfiado naquela bagunça de treinar os sonserinos.

Havia algo interessante em dar aulas de magia: cada casa reagia de uma forma e isso era algo que ultrapassava o limiar do tempo. Murta, que era corvina, apesar de sempre demonstrar estar aberta a aprender, era extremamente pouco flexível na realização da magia. Se internalizava que a forma certa para estuporar um alvo era com os joelhos dobrados e as pernas separadas, ela queria manter aquela posição mesmo que Harry indicasse que o melhor era se manter reta. Revoltante!

Já os sonserinos em si eram arrogantes demais para sequer aprender alguma coisa. Achavam que eram o centro da razão, que Harry estava os ensinando bobagens e, na maior parte do tempo, se comportavam como animais ariscos.

—Isso tudo foi uma péssima ideia. — reclamou ele, vendo sua única aluna decente sorrir de volta. Eileen era a única comedida, que o ouvia, aprendia e reproduzia perfeitamente.

Quando Harry dissera que ensinar não era uma arte para si, ele estava correto. Não era. Ele não tinha paciência com aqueles seres irritantes e mal agradecidos, mas intimamente, entendia que toda aquela recusa dos outros se devia ao único e singelo fato de ser ele quem ministrava as aulas.

Para além disso, gastava muito do seu tempo enfurnado em salas de aula amplas como aquela, perdendo um precioso dia de sol abrindo espaço, removendo as carteiras, e mais um montão de minutos arrumando a sala de volta no fim dos dias — e, óbvio, os sonserinos nunca ajudavam. Seus finais de semana caminhavam enfadonhamente por resmungos e desvio de feitiços que acidentalmente iam na sua direção — às vezes nem tão acidentalmente assim.

A primeira tentativa fora um desastre, mas, conforme as lições se passavam… não, nada havia realmente melhorado. Deveria ser a terceira ou quinta reunião e o moreno não sentia que estava mais próximo de ter respeito dos alunos do que estivera semanas antes.

—Por que essa careta emburrada, Smith? Não está feliz em ajudar sua casa? — Debochou Abraxas, parado num canto da sala, sentado em cima de uma das poucas mesas que restara no lugar. Tom, obviamente, repousava na cadeira que fazia par com aquela mesa em específico.

—Por que não vem você mesmo ajudar, Malfoy? Ah, é, algo me diz que não tem capacidade técnica para isso.

—Para ensinar alguns idiotas a machucar alguém? Tenho… eu tenho. Mas ao contrário de você, eu não preciso fazer isso porque não me comprometi. — respondeu, com aquele sorriso arrogante detestável que lembrava muito o de Draco.

—Eu não me comprometi, seu amigo que me comprometeu!

—Parece que vocês dois andam muito comprometidos um com o outro ultimamente. — Sugeriu Murta, dando uma risadinha com uma mão no ombro do colega, enquanto parava de frente para os outros dois.

—Eu gostaria muito que o Harry estivesse mais comprometido comigo, Warren, mas aparentemente, ele tem preferido me evitar.

O moreno de óculos sentiu um rubor tomar suas bochechas.

Pela primeira vez...Où les histoires vivent. Découvrez maintenant