Turbulência

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capítulo 22: Turbulência.

Quando aquele homem diferente e agitado o levou de volta no tempo, Harry não sentiu nada além de raiva e medo. Medo por lidar com algo que ele não conhecia, obviamente, e raiva por estar sendo forçado a reviver e refazer diversos atos só por ser ele. O menino já derrotara Voldemort uma vez, por que aparentemente tudo que o circundava incluía a presença do bruxo das trevas junto?

Sentia que jamais saberia responder essas perguntas. Contudo, sua primeira impressão quando chegou em 1943 estava correta: aparentemente só ele — e Dumbledore! — entendiam como a mente suja de Tom Riddle funcionava. Apenas eles dois enxergavam todas as peculiaridades de tratamento do garoto, seus sorrisos falsos, sua modéstia forçada e isso se exemplificava mais uma vez enquanto os olhos verdes encaravam aquele sorriso brilhante e forçado convencer mais pessoas de que era um ser perfeito, acima de suspeitas.

Como eram bobas as pessoas!

O início do período escolar fora tranquilo. Harry reencontrou suas amigas: elas pareciam bem animadas e motivadas. Eileen passou minutos a fio discursando sobre como criara amizade com um homem perfeito nas férias e Murta dava dicas e mais dicas dos presentes que comprara pro natal. As aulas também não estavam tão absurdas: Harry tivera o desprazer de estudar DCAT com Snape… tudo bem que depois da guerra ele passara a admirar o homem, mas ainda conseguia admitir sua inépcia para professor. E, com isso, sentia bem lá no fundo que nada que ocorresse superaria seu desastroso sexto ano.

Bem, claro, ele estava ignorando que o “novo sexto ano” começara com um beijo para lá de íntimo com seu maior inimigo. Sua vida era uma piada! E no auge da sua confusão, não sabia se Tom estava tentando o manipular com aquele gesto ou se ele de fato queria beijar Harry… não que importasse muito, porque definitivamente não voltaria a acontecer.

A atenção do moreno foi puxada de volta para a aula de Herbologia com os barulhos o chacoalhando agressivamente. Todos iam se levantando às pressas, se empurrando para sair da sala, cansados demais com a carga de matérias extras que vieram junto com o período avançado. A única pessoa que parecia extremamente confortável, com um sorriso perfeito e galante, apoiado displicentemente na mesa do professor era Tom e — quando Harry passou de forma apressada por eles — a maneira com que Herbert Barry ria o deu vontade de vomitar.

Naquela semana inicial ele quase não viu o outro garoto. Estava sempre enfurnado em reuniões com seus capangas, — reuniões essas para qual Harry deixou de ser convidado — não dormia no quarto ou saía muito cedo pela manhã. Malfoy andava ainda mais grudado em seu cangote, e o moreno notara que em algumas noites ambos desapareciam em comunhão.

Se Riddle achava que o melhor a se fazer era o evitar, quem era Harry para discutir? Ele também não queria lidar com mais aquele problema.

Suspirou fundo, seguindo sua trilha pelos corredores de pedra.

—Olha quem voltou, superando expectativas!

—O que quer, Black?

—Nada. Só soube que você e Tom não estão mais tão próximos. Ele expulsou você do nosso ciclo, sabia? — A garota parou em frente a Harry, lhe dando o que deveria ser um olhar ameaçador — Mas, sabe… até hoje eu não entendi como você entrou lá.

—Eu também não. — Tentou forçar passagem, mas ela atrapalhou seu caminho.

—E o que eu menos entendo é o que você fez para conseguir estragar tudo. O Tom, bem… ele não costuma ser tão receptivo a gente nova, mas com você…

—O que quer de mim?

A garota empunhou a varinha, apontando-a bem entre seus olhos.

—Harry Smith… — falou, com aquela voz grasnada. E o moreno sentiu um frio percorrer sua espinha, pois ela, pela primeira vez em muito tempo, não estava gritando pelos corredores. Se soubesse que ficava extremamente mais ameaçado quando sussurrava, aprenderia a preservar suas cordas vocais.

Pela primeira vez...Where stories live. Discover now