Câmara Secreta

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Capítulo 10: Câmara Secreta

Harry odiava aquele lugar!

A luz esverdeada provinha da pouca iluminação que a Câmara possuía, e era tão parca que mesmo alguém sem problemas de visão demoraria a se acostumar. O moreno estava dividido entre achar que havia cometido um grandessíssimo erro seguindo Tom Riddle naquela jornada, ou considerar-se corajoso pela ação. Achava incrível o quanto seu sangue grifinório aflorava nos piores momentos.

Forçou os olhos para que se habituassem à pouca luz, enquanto parecia que um enorme buraco negro havia nascido na sua barriga, revirando suas entranhas e o deixando enjoado.

Não sabia o que era pior: ter que, mesmo sendo míope, andar naquela escuridão com terreno irregular ou o cheiro fétido que invadia seu nariz, fazendo seus olhos lacrimejarem — o que, automaticamente, piorava sua visão.

Não lembrava da Câmara ser tão indigesta assim.

Por sorte, quando caiu naquele mar de ossos totalmente destrambelhado, Tom não estava mais lá para encarar metade do seu corpo de fora do manto de invisibilidade. Não seria divertido ver o garoto espantado com meio corpo visível, ou zombando da sua falta de equilíbrio. Ele gostaria de ter a mesma coordenação no chão e no ar, mas em cima de uma vassoura era claro que se comportava bem melhor.

Harry respirou fundo, se esforçando para não tossir, e seguiu se esgueirando. A cada pisada sentia seus pés esmagando os ossos que forravam o chão, resultado de animais desavisados andando por onde não deviam. Ainda assim, nenhum barulho quebrava o silêncio sepulcral daquela antessala.

Alguns passos a frente, como ele bem lembrava, estava uma porta circular e limada, cravejada com o rosto de Salazar Sonserina. Para sua sorte estava entreaberta e ele conseguiu esgueirar-se pela pequena fenda sem produzir qualquer ruído, agradecendo a cada momento pelo feitiço Abaffiato que Severus Snape tinha o deixado como herança.

O hall principal da Câmara Secreta era o mesmo: grandes pilastras sustentavam a construção, cada qual com uma enorme cobra de pedra se enrolando por ela e exibindo suas presas afiadas para quem quisesse ver. Ao fundo, Salazar Sonserina tinha seu rosto mais uma vez esculpido e o garoto sabia que o basilisco aguardava dentro da boca da estátua, pronto para sair a qualquer sinal do herdeiro.

Mas Harry não teve tanto tempo assim para meditar sobre as mudanças do lugar, porque ali, parado no meio da Câmara, a uns bons cinco ou seis metros do garoto, Tom Riddle encarava a tudo embasbacado. E mesmo que o menino-que-sobreviveu só pudesse ver as costas do outro, sua felicidade era quase palpável no ar.

"Tudo bem", pensou, removendo a capa da invisibilidade do corpo com cuidado, "nós estamos mais próximos. Eu posso convencer ele, é isso… ele vai me escutar. Como eu vou explicar isso?"

—To…

Venha, monstro de Salazar. — O chamar empolgado do garoto abafou sua tentativa falha de dizer algo.

—Não! — gritou, atraindo a atenção do outro para si, mas já era tarde.

—Harry! — Tom, olhou para o garoto, seu rosto demonstrando um espanto ímpar — Como você veio parar aqui?

Ignorou a pergunta, vidrado no fundo da Câmara. A boca de pedra de Salazar se moveu, produzindo um som de atrito rochoso que naquele instante soava como um grasnar irritado nos ouvidos do órfão.

Tudo parecia ter ficado em câmera lenta, a partir do momento que o corpo escamoso começou a se esgueirar para fora. Tom estava indeciso entre olhar curioso para a abertura na estátua ou incrédulo para a presença de Harry. O segundo, por sua vez, estava tão paralisado de surpresa que não sabia bem como agir, focando os olhos no buraco que se alargava a cada segundo.

Pela primeira vez...Where stories live. Discover now