Atrito

2K 261 144
                                    

Capítulo 23: Atrito.

—Tá ardendo...

—Eu preciso limpar esse corte, é óbvio que vai doer.

—Não era para você ter entrado na frente dela, Murta.

—Ela ia ser atacada pelas costas!

O Salão Comunal da Sonserina estava mais abarrotado que o normal. Infiltrada no meio dos brasões verdes e prateados, estava Murta Warren: corvina, inteligentíssima e recém descoberta corajosa. Em situações normais, a garota provavelmente estaria sendo encarada e xingada, contudo, sua brava ação lhe rendera um passe livre — ao menos por tempo limitado — aos espaços reclusos da Sonserina.

—Você foi brilhante, Murta. — Harry disse, enquanto via Eileen terminar de aplicar uma poção no braço machucado da garota — Mas não deveria se indispor com sua casa desse jeito. Sua casa é como sua família em Hogwarts…

—Olivia é da minha casa, esqueceu? — A garota revirou os olhos. — Como minha família em Hogwarts são vocês, que me protegem pessoalmente e até nos sonhos. Eu queria conseguir fazer o mesmo. — Ela fungou.

—Isso não é sua culpa. — Eileen respondeu, se jogando no sofá próximo a lareira quando o ferimento finalmente estava fechado.

—Verdade, não é sua culpa.

—É do Harry

—Minha??!

O moreno arregalou os olhos verdes por detrás das lentes, não sabendo muito bem como reagir. Não entendia como o fato de Murta ter se jogado na frente de Eileen e arrumado um corte bem grande no braço seria sua culpa.

—Você prometeu que ia ajudá-la na prática de magia há muito tempo e até hoje nem uma pequena lição.

—Oh… isso é verdade. Mas você também poderia ajudá-la, então não coloque a culpa somente em mim.

—É claro que não, Harry. Nessa escola são poucos os alunos que têm um controle de magia tão bom… o seu patamar é tão alto que não olha ao seu redor. Estou no quinto ano e vejo pessoas que mal conseguem estuporar alguém.

—Não é bem assim… — respondeu baixinho, vendo a amiga machucada concordando veementemente com os apontamentos da morena. Lembrou-se de quando começou a armada de Dumbledore. Estava no quinto ano também e a maioria dos alunos realmente não conseguiram lançar um feitiço forte o suficiente para um momento de guerra. — Você é boa, Eileen.

—Melhor do que a grande massa, mas ainda assim, ruim. Não chego perto de você ou dos capangas de Tom.

—Walburga? — O moreno questionou. — Ela não me parece tão brilhante.

—Idiota e insana, mas não burra. Ela é fraca para seu nível, Harry. — Murta falou baixinho, olhando para os pés. — Ela seria capaz de me destruir de olhos fechados.

—Nós precisamos de proteção e você sabe disso melhor do que ninguém. Nós somos sonserinos demais para sermos alvos de todas as casas, e somos estranhos o suficiente para nos tornarmos alvos dentro da própria Sonserina. E a Murta sai por aí andando com a gente. Eles têm medo de se aproximar e atacar quando você ou Tom estão por perto, mas quando vocês não estão…

—Eles pisam na gente e não sabemos nos defender.

O moreno suspirou profundamente. Não se lembrava que, mesmo no seu tempo, ele era considerado um bruxo com alguma propensão à magia. Hermione era o cérebro e o conhecimento teórico avançado, apesar de ser muito boa de briga, também. Rony era o laço, o amigo, o braço direito que o entendia muito bem (na maior parte das vezes). Mas Potter era a execução, a lição bruta, aquele que dominou o Patrono aos treze… aquele que a magia e a varinha conversavam na mesma linguagem e frequência. Aquele que treinara com o próprio Shacklebolt, Auror e futuro Ministro da Magia. Harry tinha que assumir que ele possuía um dom especial, apesar da inépcia catastrófica para estudar lições teóricas.

Pela primeira vez...Where stories live. Discover now