Salve-o

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Capítulo Um: Salve-o

Harry sentiu um líquido desconhecido escorrendo por seu rosto, caindo lentamente de sua testa e percorrendo todo o perímetro facial. Ainda não estava completamente acordado, parecia que seu corpo preguiçoso se arrastava para conseguir voltar para realidade enquanto sua mente ainda mais cansada insistia para que ele permanecesse na escuridão onde tudo era calmo e tranquilo.

-Aguamenti! - Ouviu uma voz sussurrar ao longe, sendo sua cabeça novamente afundada na água gelada. O garoto começou a tossir, ganhando noção de seus membros aos poucos. Parecia que seus braços estavam amarrados para trás, iniciando uma leve problemática acerca de sua circulação sanguínea precária.

"Mas que merda...?", pensou, ao perceber que estava sentado numa cadeira dura e desconfortável com os braços e as pernas impossibilitados de movimentação. Abriu os olhos e levantou a cabeça, vendo uma figura disforme na sua frente.

-Desculpe, desculpe, viagens desse tamanho costumam fazer as pessoas dormirem por dias, mas adivinha? Nós não temos dias! Você vai ficar cansado por um tempo, mas vai ser interessante para manter a mentira... - O homem começou a divagar, não dando muito tempo para mente confusa do moreno compreender as palavras, enfiando os óculos nos seus olhos algum tempo depois. - ventus.

Harry se secou com o vento mágico lançado pela varinha, ainda com os sentidos muito embaralhados para poder dizer alguma coisa. Olhou ao redor, tentando reconhecer o local e falhando miseravelmente.

Não havia nada naquela casa, se é que poderia chamar assim. Ele estava em um quarto mais ou menos estruturado. As cores da parede eram distinguíveis, brancas, e o teto parecia precariamente torto e baixo. Harry percebeu que não era exatamente um cômodo, parecia uma bolsa de ar no meio de entulhos explodidos... sim, certamente era isso. Ele estava agora sendo torturado no meio das ruínas de algum lugar. Seu sequestrador mal conseguia ficar em pé, estando numa posição curvada que parecia bem desconfortável enquanto continuava divagando aleatoriamente sobre nada que fizesse sentido para o mais novo em específico.

-O que tá acontecendo aqui? - O garoto conseguiu forçar a voz, tentando impor a maior feição irritada da sua vida, mas, na realidade, estava tão letárgico e dolorido que o mínimo movimento causava-lhe dores e cansaço extremo. Seus braços e pernas começaram a comichar incomodamente, enquanto os resquícios de água e suor corriam sua espinha aonde o vento não foi capaz de alcançar, lançando calafrios desagradáveis pelo seu corpo.

-Ah, claro, claro, deve estar confuso, me desculpe, Harry. Bom, o que você precisa saber... - o homem, em um movimento rápido demais para falta de espaço em que se encontravam, retirou um caderninho de dentro das vestes, lendo avidamente seu conteúdo, enquanto continuava a falar com o garoto: -Bom, eu sou amigo, não comensal nem nada do gênero. Vim aqui te dar outra chance, mesmo que você não tenha realmente pedido por ela - coçou a cabeça, os olhos presos no pergaminho em suas mãos - enfim, se eu te desse uma escolha você iria negar, é claro! Você não me deu muitas alternativas aqui, Harry! - O garoto observou o olhar consternado que foi lançado em sua direção e o sentar do homem no chão empoeirado.

"Nós não temos muito tempo agora, eu preciso te enviar pro orfanato em poucos minutos. Espero que a desculpa que eu inventei pra Hogwarts funcione..."

Harry continuava olhando para o sujeito sem entender muita coisa. O homem era confuso, toda a situação era bem confusa na verdade. As dores nos membros estavam aumentando e a exaustão impedia que sua mente funcionasse de maneira correta.

-Onde estamos? - Perguntou, resolvendo tomar as rédeas da situação já que o castanho parecia bem perdido dentro da sua própria invencionice.

Recebeu um olhar cálido, podendo distinguir claramente o orgulho que o homem sentia dentro de si, mas sem realmente identificar o motivo.

Pela primeira vez...Onde histórias criam vida. Descubra agora