31 de Julho

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Capítulo 16: 31 de Julho.

Aquela irritação que consumia sua alma não ia embora de jeito maneira! Sua cabeça estava cheia de pensamentos confusos e seu corpo dolorido por conta da conhecida e incessante vontade de ficar encolhido por longos períodos de tempo.

E talvez por isso seu humor estivesse pior do que nunca.

Como podia Harry tê-lo traído daquele jeito?

Ele o amaldiçoaria pelas costas, tinha completa certeza… na verdade, o garoto dos olhos verdes nem tentou negar quando fora questionado.

Doce momento em que criou aquele pacto!

Tom tinha que assumir que havia algo relacionado à Harry e a si próprio que nublava sua mente para decisões racionais, e ele definitivamente não gostava de se sentir perdido e atado. Contudo, era como se aquele garoto fosse ímpar, diferente, como se exercesse um magnetismo sobre sua cabeça que ele nunca havia experienciado antes.

Ora, o moreno não se considerava idiota, e era mais do que claro que o outro tinha segredos, tão enrolados quanto um novelo de lã, guardados fundo na sua mente, num lugar que Riddle dificilmente alcançaria um dia. E, embora tivesse plena noção disso, continuava caindo naquele embaralhar de cartas, dançando aquela maldita melodia fúnebre que poderia resultar na perda de sua cabeça — literal e figurativamente.

Ele não podia mais só ignorar o fato de que, mesmo que tentasse se afastar, acabava sempre voltando ao ponto inicial: Harry Smith.

Era como se houvesse de fato uma ligação entre eles, confusa, estranha e perigosa, muito perigosa. Perigosa o suficiente para fazer Tom arriscar seu próprio pescoço no objetivo único de salvar aquele garoto magricela.

Mas o que seria?

Ele passou todos aqueles meses tentando mudar a perspectiva, tentando achar um motivo justo e plausível para querer cada vez mais Smith perto de si.

Entretanto, era inevitável que sua realidade não o puxasse para baixo como a gravidade fazia com todos os corpos. E isso aconteceu do pior jeito possível.

Ele foi questionado, sua autoridade na Sonserina foi posta em cheque, sua liderança fraquejou… tudo porque estava dando mais atenção do que devia para o novato que — diga-se de passagem — confraternizava com os inimigos de casa.

"Ele vai te trair", dissera Avery, "Ele não é como nós".

E Tom sabia que não era… e se fosse, que graça teria? Ter mais um bajulador perto de si era algo que definitivamente ele não almejava.

"Precisamos colocar ele numa coleira. Se há alguém que pode prejudicar seus planos, esse alguém…"

Recusou-se a ouvir o resto.

Não era como se fosse aceitar conselhos de um garoto estúpido que havia dado um jeito de falir a fortuna dos pais e se jogar em miséria. Não… ele nunca diria para o louro que foram suas palavras que o fizeram acordar, por mais que internamente soubesse que foram elas.

No dia seguinte estava perguntando e pesquisando sobre Pactos de Sangue. Sabia que Harry jamais aceitaria fazer um Voto Perpétuo e ele mesmo não queria submeter-se àquilo. Não colocaria sua preciosa e frágil vida humana sob poder de uma magia tola.

"Vou convencê-lo a fazer um pacto de não agressão comigo. No fim, quando eu começar a agir segundo meus planos, ou será meu aliado ou ficará longe de mim."

"Ele não vai aceitar."

"Ele vai… eu sei ser convincente."

Enganar Harry era muito mais difícil do que aos outros. Era irritante e trabalhoso, de fato, todavia, Tom se considerava bem esperto, e aprendia muito, muito rápido. Com o tempo percebera que tinha que ter verdade imbuída em suas palavras porque o outro lia seu corpo e suas tendências muito bem, a ponto de lembrar vagamente o professor Dumbledore.

Pela primeira vez...Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt