O Ritual do Príncipe Mestiço

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Capítulo quatro: O ritual do príncipe mestiço. 

Chegar em Hogwarts foi nostálgico, Harry não tinha como negar. O castelo estava lá, no mesmíssimo lugar, com suas imponentes torres rasgando o céu noturno. O garoto não conseguiu impedir seu coração de acelerar levemente ao ver a escola tão bem composta, afinal, quando fora sequestrado alguns dias antes, tudo que sobrara do enorme castelo fora ruínas e mais ruínas

Perscrutou o local, enquanto caminhava pela estradinha que levava ao portão principal, acompanhando os outros alunos silenciosamente. Não localizou o salgueiro lutador, que só viria a ser plantado em alguns pares de anos e a cabana que Hagrid passaria a ocupar estava lá ao longe, aparentemente vazia.

—Quem é esse? – Ouviu uma garota sussurrar. Ela encarava Harry descomedidamente enquanto conversava com uma colega que não parecia tão impressionada assim com o castelo. — Aluno novo no meio do ano? Suspeito, não acha? 

Se era suspeito ou não, Harry não conseguiu ouvir, pois, assim que a aglomeração dos poucos alunos se formou em volta da enorme porta de madeira do castelo, a mesma se abriu, revelando um Dumbledore muito mais saudoso e gentil do que fora com Harry e Tom horas atrás. 

—Bem vindos de volta à Hogwarts. Peço que se apressem em guardar suas malas e venham comemorar o restante da Páscoa no nosso banquete. O diretor Dippet tem algumas informações interessantes para vocês que estão retornando de casa. Aguardo todos lá.

Em seguida, amontoados, seguiram para o interior do castelo. Harry ainda pôde ver com a visão periférica Tom o encarando, antes de entrar na escola. Ao contrário dos outros que iam empurrando suas malas, ele seguia lendo um livro curto, enquanto seus objetos flutuavam ao seu redor, acompanhando seus movimentos. Era realmente impressionante o quanto ele possuía controle de sua magia, mesmo que tão jovem. Harry não sabia dizer em que pé estava a popularidade de Tom na escola naquele momento, mas era inegável que em volta de si parecia haver uma clareira, todos respeitando um limite cordial entre ele e seus pertences.

Quando os cerca de cinquenta alunos já tinham passado pelo portão, deixando o jovem Harry sozinho, Dumbledore lhe dirigiu um olhar calmo.

—Jovem Smith. Não fique aí fora, vamos entre. — Abriu o braço, num convite para que Harry finalmente voltasse ao interior do lugar que ele considerou sua casa por muitos anos. — Eu imagino como se sente. Hogwarts é extremamente imponente a primeira vista, mas ela está aqui para servir como casa a todos aqueles que lhe derem a oportunidade. 

—Realmente, professor. É impossível não se impressionar. — Harry externalizou, percebendo que Dumbledore parecia muito mais com aquele das suas memórias quando Tom Riddle não estava por perto. 

O frenesi e o frio na barriga invadiram o corpo do moreno assim que, de fato, pisou no imenso hall de entrada do castelo. Ele não conseguia imaginar qual careta estava fazendo naquele momento, mas Dumbledore estava de fato respeitando seu momento e dando-lhe espaço para contemplação. 

—Não se apresse, menino. Temos tempo até os jovens se acomodarem no salão. — O próprio diretor parecia encarar Hogwarts com outros olhos naquele momento, perdido numa onda tão lúdica quanto a do próprio Harry.  — Agora, Tom explicou como funciona a escola, sua seleção? 

—Eu li algumas coisas sobre. 

—Que ótimo! Pois então, basta que esperemos. 

Contrariando o pensamento de Harry de que eles iam ficar às portas do salão principal esperando alguém chamar, Dumbledore abriu-as e entrou, chamando atenção de todos os alunos que ali se encontravam. Harry foi seguindo atrás, observando calmamente os olhares curiosos que iam em sua direção. A mesa da Grifinória estava menos abarrotada do que na sua época e ele, nessa breve passagem, não conseguiu efetivamente achar rostos conhecidos entre os alunos. O banquinho com o chapéu seletor estava ali e o moreno — após tomar um impulso e respirar bem fundo —  se sentou, colocando o objeto mágico no colo. 

Pela primeira vez...Where stories live. Discover now