Ele é um de nós

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Capítulo 7: Ele é um de nós

"— Harry espera, quero falar com você! Não vai encontrar nada no lugar em que está indo, ta perdendo seu tempo, Harry.

—Me desculpa, Luna. Eu não tenho muito tempo para você.

—Harry Potter, você vai me ouvir agora!

O garoto se virou, encarando os olhos azulados da menina. Seu rosto parecia bravo e irritado, era uma quebra de expectativas ver Luna daquele jeito. Ela falou:

—Você se acha muito esperto, não é? O que eu te disse naquele dia, Harry? O que eu te disse?

—Que dia? Luna, eu realmente não tenho tempo.

Antes que ele pudesse dar um passo, a garota segurou seu braço com uma força que ele não achava possível ela possuir. 

—Eu disse que você-sabe-quem ia querer te separar dos seus amigos! Estando sozinho você não é uma ameaça, Harry! Lembra disso para sempre! Você não deve ficar sozinho, Harry! E você precisa acordar imediatamente!"

Harry levantou da sua cama com a respiração ofegante. Tateou a cômoda lateral, encaixando os óculos de volta na face. Após tentar se acalmar sem sucesso, o moreno chegou a conclusão de que precisava molhar o rosto e abriu suas cortinas, saindo silenciosamente da cama.

Tinha uma diferença entre dividir o quarto com sonserinos e grifinórios, principalmente seus amigos grifinórios em especial. Harry havia se acostumado a dormir com os roncos de Rony e Simas, mas, obviamente, Abraxas e Tom não faziam qualquer som de noite. Por vezes, o moreno chegava a se perguntar se não estaria dormindo sozinho. 

Quando finalmente estava mais acordado, após afundar a cabeça num jato d'água, olhou as camas dos companheiros de dormitório. Abraxas não fechara a cortina totalmente e Harry conseguia ver os longos cabelos loiros caindo pela lateral, formando algum tipo de cascata bonita com as pontas tocando o chão de leve. 

Já a cama de Riddle estava perfeitamente circundada pelos panos. Harry sentiu um impulso inexplicável de se aproximar e, antes que raciocinasse muito, estava dando passos ligeiros e apressados até a cama do colega. Seus pés estavam suando e ele se sentia muito acordado enquanto fazia aquilo. Pensou em desistir e voltar a dormir, afinal, o que diria caso Riddle pegasse-o no pulo? Que o achava lindo dormindo e queria velar seu sono? Era estúpido! Mas realmente alguma vontade intrínseca o levava a caminhar pé ante pé até o objetivo.

Harry não precisou tocar na cortina, havia uma pequena fresta pela qual ele forçou a visão, tentando capturar o máximo de detalhes que pudesse. Um livro, Hogwarts uma história, o qual Harry sempre via com Tom, estava aberto na escrivaninha e uma parte do caderno preto que viria a ser uma horcrux no futuro aparecia por debaixo do travesseiro. Mas faltava algo ali... Tom Riddle não estava deitado e dormindo como Harry esperava. Não… a cama estava desfeita, porém vazia.

Harry colocou a mão na boca, tentando abafar seu ruído de surpresa. Ele sabia o que Riddle estava fazendo naquela hora fora da cama. Ele não precisava ser um gênio para adivinhar aquilo. Ouviu um estalar na porta e, o mais silenciosamente possível, correu, jogando-se no seu colchão e fechando as cortinas com pressa. Deitou, agarrado com o travesseiro, sentindo a pulsação acelerada e tentando aguçar os sentidos. 

O garoto passou pela porta rapidamente, apesar de silencioso, indo deitar-se. Harry ainda ouviu um suspiro frustrado preenchendo o silêncio sepulcral do quarto. 

Lembrou-se de respirar somente quando começou a sentir uma ardência nos pulmões. Estava nervoso demais para focar em trivialidades.

Era óbvio.

Pela primeira vez...Where stories live. Discover now