Diga Adeus

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Capítulo 14: Diga adeus.

Ter a semana livre fora bom e ruim em medidas diferentes para o jovem Harry. A priori, o garoto ficara bem feliz em poder relaxar durante todo o dia, sem muita agitação ao seu redor. Ele era um dos únicos do quinto ano que não estava na correria da segunda semana dos N.O.M.s e agradecia firmemente Dippet por ter considerado seu singelo pedido. Se com tanto tempo livre se enrolara completamente a ponto de esquecer seu avô, não queria imaginar como estaria caso atendesse mais duas disciplinas difíceis.

Porém, se ficar sozinho e sem muito trabalho era perfeito, a parte ruim era seu cérebro que o forçava a pensar mais do que o necessário. Era estranho ficar com dezenas de questões rondando sua cabeça o tempo todo.

Vez ou outra, lampejos da guerra iam tomando sua mente e acelerando seu coração sem pedir licença. Vira Fred morrer diante de seus olhos em um dia em particular e também tivera uma memória fortíssima de Dumbledore caindo e caindo direto para o chão lá embaixo da torre. 

Harry também sonhava com algumas imagens tremeluzentes de Voldemort, e, nesses dias, seu cérebro explodia quente e pulsante, não deixando que ele dormisse mais que algumas poucas horas. Ele não se lembrava do quanto ter uma cicatriz funcional na testa era incômodo. 

E aparentemente, sua falta de sono influenciara seu exterior porque, depois de um silêncio confortável porém não tão comum, Murta enfim falou:

—Você está bem, Harry?

—Sim, apenas sonhos conturbados. Minha mente anda muito cheia. 

—Bem… eu queria lhe dar algo de presente de natal, sabe? — cochichou ela. — Ia fazer uma surpresa, mas meninos são difíceis. 

—Somos? E ainda estamos em junho!

—Eu sou uma garota prevenida! — ralhou — E não entendo o que se passa na mente de vocês. Veja Tom, por exemplo. 

—O que tem ele? 

—Às vezes o olho e vejo um cretino, em outras vejo um ser humano perfeito demais para ser real… — Ela suspirou. — E você também, sabe? Às vezes o olho e vejo verdades e inocência, em outras, parece que você está estático demais. Como se estivesse completamente alheio ao mundo. Isso faz sentido? 

O moreno continuou fitando o céu azul, com as mãos entrelaçadas como travesseiro atrás da cabeça. Não sabia exatamente com responder, não era como se ele pudesse só contar tudo para a menina. Como seria a conversa?

"Ei Murta, vim do futuro, inclusive lá você está morta e irritando pessoas no banheiro do segundo andar." 

Não… não era uma opção viável.

Quando viu que não ia receber uma resposta, ela continuou:

—Mas enfim, por conta disso, o que acha que quer de presente de natal? 

—Murta, eu não quero nada. Eu nem posso te comprar um presente em troca. Definitivamente não quero nada. 

—Ora, Harry… mas vou comprar algo mesmo assim. Eu só tenho que pensar em algo decente. 

O garoto suspirou, conformado. Ele gostaria de poder oferecer presentes aos amigos, mas não era como se tivesse muito dinheiro naquela época. 

Fechou os olhos, tentando aproveitar do silêncio, quando foi interrompido mais uma vez:

—E tem Eileen. Estava pensando naquela questão, você sabia que a família dela estava passando por necessidades?

—Tom me contou algo assim. 

Pela primeira vez...Donde viven las historias. Descúbrelo ahora