capítulo 03

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CAPÍTULO 3

    O corpo de Asteria quase ficou paralisado ao perceber o que aquela sensação significava. Ela tomou um longo fôlego, seus pulmões de repente ardendo com uma rajada de vento congelante, mas o inverno ainda estava distante demais, o que deu a certeza a ela de que a fonte era algo sobrenatural, e que ela teria que lidar como aquele problema antes que se tornasse um desastre.

    Ela deixou seu cavalo para trás, preso em uma alcova na qual não seria descoberto e verificou suas armas antes de se mover em direção à floresta, suas duas adagas uma em sua perna e outra em sua bota, sua espada foi presa em uma bainha nas costas em vez de uma na cintura junto com sua aljava de flechas inflamáveis de freixo e as flechas comuns e algumas raras flechas com ponta da mais afiada obsidiana, para facilitar seus movimentos caso precisasse fazer uma escalada.

    Asteria agradeceu à Mãe pelas árvores daquele lugar terem galhos fortes ao longo do tronco, e copas altas o suficiente para garantir a vantagem de uma luta à distância, Asteria tinha certeza que ir para uma luta em um campo aberto seria o mesmo que correr para os braços da morte.

    Em sua função enquanto soldado no regimento de combate Draven Asteria faz parte de um grupo de arqueiros, os quais formam a linha de frente durante as batalhas, pois uma luta a curta distância é algo que a maioria dos soldados não é capaz de lidar.

    Apenas um pequeno grupo liderado por Kieran fora capaz de desenvolver técnicas e habilidade o suficiente ao longo de cinquenta anos que lhes deram a capacidade de enfrentar um combate à curta distância. Um grupo inicialmente com cerca de duzentos dos melhores guerreiros que se podia encontrar na Cidade Escavada, se tornou escasso ao ponto de restarem por volta de apenas cem soldados de combate direto.

    E agora seu líder estava morto.

    Asteria tinha se perguntado se aqueles machos e fêmeas liderados por seu irmão lamentaram a perda dele, mesmo em silêncio. Ainda que conhecesse a má fama que caía sobre aquele povo, ela poderia pensar em alguns nomes de guerreiros que admiravam seu irmão.

    Ela tinha mantido a cerimônia na praia em segredo, algo precioso guardado apenas em sua memória agora, tinha até mesmo pensado que alguns deles gostariam de saber que ele não teve seu direito uma travessia para o pós-vida negado. Que ele tinha passado pelo ritual de purificação, e não tinha sido enviado para a Ilha do Esquecimento, como eles costumavam chamar aquele pedaço de terra odiosa no meio do mar.

    Mas ainda sim preferiu guardar tudo para si. Uma decisão egoísta, ela sabia bem. Mas não se importava.

    Asteria tentou desligar sua mente das memórias que a consumiram, que a comeram viva durante todo o caminho até Illyria, e que ameaçavam tirar seu foco do seu objetivo na floresta. Caçar a coisa que se aproximava, e matar sem hesitar. A fêmea respirou fundo, e rumou para a floresta.

    Ela sabia que a decisão mais inteligente era seguir o rastro, aquele frio aterrorizante que parecia perseguir seus sentidos, atraindo-a para mais dentro daquela floresta que agora poderia se tornar mais mortal do que nunca. O seu instinto a fez caminhar longe das trilhas, longe de descampados ou clareiras, e mais para perto das árvores altas que seriam mais seguras para seu ataque.

    Asteria caminhou para dentro da floresta, seguindo pela parte mais densa onde seria fácil encontrar sua rota de escape e ataque por cima, utilizando as árvores. Ela seguiu, com seus sentidos aguçados, sua face caindo em sua melhor expressão de concentração.

    À medida em que ela adentrou aquela área, ela percebeu que quanto mais longe do acampamento ela caminhava, mais parecia estar perto de seu alvo. Ela agradeceu a Mãe por isso, por ter mantido aquela coisa longe o suficiente, durante todo o tempo que ela precisava para matar e destroçar a criatura.

corte de sombras e pesadelos • azriel × asteria | EM PAUSAWhere stories live. Discover now