capítulo 21

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CAPÍTULO 21

    Asteria odiava a sensação de atravessar. Lhe causava náuseas. Azriel parecia lidar muito bem, ele estava acostumado a atravessar. Mas Asteria se desequilibrava, ela fechou os olhos com força enquanto esperava o macho alado lhe dizer que tinha acabado, que estavam em terra firme e não onde quer que fosse que eles passavam enquanto faziam aquela travessia. 

    Quando a bruxa abriu os olhos ela ainda estava de mãos dadas com ele, ela rapidamente soltou e vasculhou a área com seus olhos violeta. Estavam um pouco depois dos Estepes Illyrianos. Ela não sabia como Azriel tinha conseguido atravessar com tanta precisão, Asteria ainda conseguia ver os estepes, mas eles estavam um pouco à frente, prestes a entrar em uma nova vegetação. A floresta se estendia à frente deles e ela pensou em como havia atravessado tudo aquilo sozinha semanas antes. 

    Agora parecia tudo diferente, talvez porque ela estivesse tão desligada em sua viagem de ida, que agora ela conseguia perceber mais coisas ao seu redor. Ela ouvia os pássaros, ouvia o som de um riacho ali por perto, o som do vento balançando as árvores, tudo parecia mais vivo. 

    A bruxa não tivera tempo de passar pelo luto, na sua viagem de ida para o acampamento ela estivera absorta, como se seus pensamentos flutuassem através de tudo, menos o que ela queria passar, sua mente havia brigado com ela, e ela não conseguiu pensar na morte de Kieran, depois ficara presa por todos aqueles dias no subterrâneo, depois na tenda de Azriel, ela só pensava em uma forma de fugir dali, embora seus esforços tivessem sido em vão. 

    Certo reconhecimento se abateu sobre ela, estava voltando para casa, para o Cove, para a Cidade Escavada, para Verena e os outros, voltando para seu lugar na legião de arqueiros dos Draven, para onde seu irmão tinha morrido. 

    Azriel a observou com cautela enquanto ela subia no cavalo. O animal parecia bem depois da travessia, e não se abalou quando a bruxa o montou. Ela começou a cavalgar devagar, e Azriel a acompanhou andando ao seu lado, não disseram nada por um tempo. Mas Azriel estava incomodado com algo há algum tempo. Ele sabia que ela podia ou não responder, mas resolveu perguntar mesmo assim.

    — O que aconteceu com ele? — disse o encantador de sombras, com cautela, ele sabia que aquele era um assunto delicado para a bruxa, mas ele havia pensado nisso por um tempo. — Naquele dia, na Cidade Escavada, o que aconteceu?

    Asteria não olhou para ele quando respondeu.

    — Ele quem? 

    Azriel sabia que ela estava apenas se esquivando.

    — O macho que foi decapitado, o que ele era para você? — ele esperava que ela respondesse suas perguntas, por mais invasivas que elas fossem, ele queria saber mais sobre ela. De um jeito errado, ele sabia. 

    Asteria olhou para ele dessa vez. Os olhos violeta brilhando sob a luz de uma clareira. 

    — Ele era família, meu irmão. 

    Azriel esperava que ela dissesse qualquer coisa menos isso. 

    — Porque ele foi morto? — não era delicado da parte dele perguntar, mas queria saber. 

    — Nunca soube, disseram que foi traição. Mas meu irmão não era um traidor. Martell fez isso por algum outro motivo. Me mandaram para o acampamento antes que eu tivesse a chance de descobrir. 

corte de sombras e pesadelos • azriel × asteria | EM PAUSAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora