capítulo 22

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CAPÍTULO 22

    — Você ouviu isso? — perguntou ele, a voz baixa para que apenas a bruxa ouvisse. Ele sabia que não estavam sozinhos. Sua voz foi um sussurro. 

    Asteria tinha ouvido. Um som baixo, como um pequeno galho estalando. Poderia ser um animal, poderia ser qualquer coisa. 

    — Ouvi — ela disse baixo, não se mexeram daquela posição, as asas do encantador de sombras cobriam o corpo dela — Mas não sinto nada diferente ao redor. Só a sensação de estar sendo observada. 

    — Também não acho que seja uma daquelas criaturas — disse ele, enquanto se colocava em seus cotovelos, suas sombras sussurraram para ele. Não estavam sozinhos — Vou me levantar devagar. 

    Assim, Azriel o fez, se colocou de pé, suas asas farfalhando quando ele ficou em toda a sua altura. Em seguida ele estendeu a mão para a bruxa, que olhou para ele de onde ela estava no chão, ela não ousou olhar para os lados, seu olhar ficou focado em Azriel, ele era uma sombra, o fogo vermelho da fogueira iluminando suas costas quando ela segurou na mão dele e fez força para se erguer. O encantador de sombras puxou-a para perto, a cabeça de Asteria encostada no meio de seu peito coberto por couro illyriano. Os sifões dele estavam brilhando em um tom escuro de cobalto. 

    Azriel segurou Asteria, as mãos cheias de cicatrizes vagaram pelas costas dela, a bruxa segurou em seus quadris e eles ficaram nessa posição por alguns segundos. Ouvindo. Os olhos de Asteria brilharam em um tom púrpura quando ela usou seus poderes. Azriel sentiu quando ela puxou seu poder para a ponta dos dedos. 

    — Vou atravessar agora — disse ele — Me diga para onde. 

    — Ainda não — ela disse — Eles já estão aqui. Me cubra. 

    Azriel a escondeu com suas sombras. O cavalo de Asteria se agitou quando ela se abaixou para pegar sua aljava e arco. Em um segundo ela estava com a arma preparada. Asteria apontou para o nada, com Azriel às suas costas. Ele tinha punhos e a Reveladora da Verdade, era suficiente. 

    Nenhum dos dois disse nada, apenas esperaram. 

    Da penumbra saiu um macho lindo. Alto. Com cabelos loiros bem cortados e orelhas pontiagudas. Seus olhos eram verdes como esmeraldas. Ele parecia um príncipe, usava vestes ricas, um sobretudo bordado em fios de ouro e botas e calças pretas. Usava uma camisa branca por baixo de tudo, e um chapéu com uma pena colorida de algum pássaro exótico. Ele era lindo. Malditamente lindo. E estava com um sorriso perverso nos lábios. Sua espada estava embainhada na cintura e ele não fez menção de se armar, apenas caminhou na direção de Asteria até que a ponta da flecha dela estivesse a apenas centímetros do peito dele. 

    — Ora, ora, ora — ele disse — Finalmente te encontrei. Asteria Thorin. Minha velha amiga. 

    Asteria olhou bem nos olhos dele. E abaixou seu arco. 

    — Elysiam? — disse ela. Nunca esqueceria aquele rosto, embora ele tivesse muitas faces, aquele em especial ela se lembraria para sempre. Era um rosto lindo demais, um sorriso lindo demais. Tudo naquele macho era perfeito. Uma beleza imaculada. Ele podia se transformar em qualquer macho, mas nada superaria a beleza natural dele — É você mesmo?

    Ela estava confusa. Azriel também. Outros machos e algumas fêmeas saíram da escuridão, esses sim armados até os dentes. 

    — O próprio — disse ele, a voz melódica — Elysiam Dragna em carne, osso e beleza. 

    Asteria sorriu um pouco. Azriel se empertigou atrás dela. Mas ficou calado. 

    — Você deveria estar no mar. Não em terra firme. Não aqui. 

corte de sombras e pesadelos • azriel × asteria | EM PAUSAWhere stories live. Discover now